crônica do dia

 

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26/05/03

 

Hoje, o presidente não comemora nada. Não há reunião onde cada um dos trinta ministros pode expor em dez minutos seus feitos e proezas - se cada um tomasse a palavra no exato momento em que seu colega calasse e, por seu turno, cumprisse com rigor seus 300 segundos, caso tudo isso fosse ao menos concebível em reuniões de ministérios sem mistérios e já teriam escoado, apenas nessas preliminares, cinco horas! - não vê o governo, inclusive por ser ente abstrato, sem substância e, portanto, sem olhos de ver, não vê esse ser imaterial, abstrato como o mercado, nem marqueteiros e assessores de cerimônias e pompas, motivo para comemorações.

Ora, mesmo sem comemorações, hoje é o centésimo quadragésimo sexto dia do ano e, portanto, também do novo governo do novo presidente. Por que assinalar data assim tão quebrada? Por um motivo banal: se for até o fim, este mandato terá 1461 dias, logo hoje, embora não seja redondo como o centésimo dia, que se comemorou à moda norte-americana, o dia marca um décimo, dez porcento do prazo para fazer, deixar de fazer e tentar se reeleger que, parece, virou regra geral.

Por exemplo, já haveria um milhão, dos dez milhões de novos empregos da promessa de campanha, a supor uma distribuição uniforme.

São números, claro, apenas números como os da piada que me chegou hoje, mas na vida ou no governo, diante de números, é preciso os saber escutar para não tropeçar. Inclusive quando se recorre ao poder do zero, invenção tardia da Matemática, nos efeitos mirabolantes de marqueteiros sem perceber que, se nos primeiros 140 dias, o governo só gastou 54 milhões de reais com o programa da fome, a projeção daria, até o final, APENAS 540 milhões, muito menos do que o 1,7 bilhão a ele já destinados pelo próprio governo, independentemente de qualquer doação...

A política aos políticos.

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