autora: Mima 

15 de abril

15/04/15

Desbotada pelo tempo e por ele também alterada, a memória - complexa demais se comparada às digitais! -, de repente, traz à tona histórias ou cenas imprecisas, vestígios nebulosos do passado prontos a se adornarem, acrescerem ou reduzirem, prontos para se transformar em novas versões do que já não é mais.

As Reminiscências se publicaram há quatro anos na data de hoje e, hoje, a redescobri como consequência de aniversariar neste dia a moça ali celebrada, atualmente uma senhora, é claro, como não sou aquele de um quarto de século atrás. Ao contrário das inúmeras formas de memórias digitais, a nossa se tece ponderando em grande monta o conteúdo emocional de cada evento, de cada fato a nos afetar. Se não nos envolver com emoção, dificilmente se conservará ali, mas se o abalo for grande, será difícil de apagar o registro.

Agora, com o olhar sereno propiciado pela distância cronológica, apenas digo parabéns à jovem senhora que, soube, vive em sossegado condomínio bem escondido nos arredores de Cotia, São Paulo. Na época, nem ela nem eu pudemos lidar com o transbordamento dos hormônios da paixão, aqueles capazes de idiotizar total e instantaneamente a vítima.

A lembrança da data natalícia vem de um automatismo inevitável ao funcionamento da memória, sem qualquer resquício da efervescência de então. A natureza tem seus truques para obter o que importa à vida, para valorizar na medida certa a folha da árvore e a sobrevivência da floresta.

O total de cerca de dois bilhões de quando cheguei por aqui se tornou mais de sete e continua a crescer. São mais de sete bilhões de histórias para se diluírem nessa calda em ebulição, a espantosa humanidade. O indivíduo e sua peculiar história se tornam pó como tudo, até os ossos e a vida continua bonita, bonita, bonita, como disse o versejador.

Wed, 15 Apr 2015 14:56:00 -0300

Lindo, Clode. Obrigada.
Beijo grande

      sem assinatura

Obrigado eu.


Wed, 15 Apr 2015 16:04:23 -0300

Oi Clode
Bela descrição da memória... belas palavras para contar a história.
A vida seria mais sem graça, não fosse a memória e as palavras.
obrigada!
beijo


Aida

Oi, Aida,
Sim, mas ambas são como faca de dois gumes: não podemos trocar fatos por lembranças ou confundir a palavra com aquilo que ela representa... Certo?
Obrigado eu.


Wed, 15 Apr 2015 17:59:32 -0300

Olá Clode

Linda sua crônica de hoje. Fiquei emocionada, pois veio de encontro com o que fiz num dia destes, "revisitando" fotos antigas com minha prima-irmã, lembrando momentos que vivemos juntas, mas que para cada uma de nós, incrivelmente, aconteceu e significou de maneira diferente e, como você mesmo o disse, será difícil apagar o registro.

No nosso caso, são duas histórias, as quais chamo de "paralelas", e que gostaria de escrever a quatro mãos. Quem sabe, num dia destes comecemos...
Duas histórias apenas entre as "sete bilhões de histórias para se diluírem nessa calda em ebulição, a espantosa humanidade"!

Beijos da sempre aluna,

Vera Laporta

Obrigado, Vera,
Atrai-me, na idéia de quatro mãos, a oportunidade de perceber mais de perto a perspectiva feminina...
Quem sabe?


Fri, 8 May 2015 19:40:30 -0300

Sim, sim, mermão:

a vida é bonita, é bonita e é bonita...

E segue a rima:

Viver... e não ter a vergonha de ser feliz

E cantar e cantar e cantar a alegria de ser um eterno aprendiz...

ou algo assim (tento de memória)...

siiiim!!! a vida é bonita!!!

      sem assinatura

Adoro esses versos, poderia os ter escrito se tivesse talento.

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