crônica do dia

 

À deriva

16/05/02

 

Maio vai em meio e apesar de azuis impecáveis no céu, da luz oblíqua e dourada dos outonos tropicais, das madrugadas frias e úmidas e das flores - flores a mancheias com alguns frutos de quebra: abacates, laranjas e limões por essas bandas -, apesar de tudo não parece outono, não parece maio, como se alguma coisa ainda estivesse fora do lugar...

Na Índia o calor mata. Temperaturas perto dos 50 graus! Gigantescos cubos de gelo se soltam da Antártida e vagam a espreita de titaniques. São blocos de gelo maiores do que Luxemburgo, informam os noticiários mal traduzidos de agências européias... E agora, dona Sabrina, que tamanho Luxemburgo tem? Não, não o técnico de futebol, dona Sabrina! Quer saber ou números podem atrapalhar a digestão?

Luxemburgo fica encravado no meio da Europa, entre Alemanha, Bélgica e França, e tem 2586km², ou seja, pouco mais do que a área de um quadrado de 50 por 50 quilômetros, diria Doralice. A cidade de São Paulo tem 1493km² e a Grande São Paulo não cabe naquele país... mas perdi-me e vogo à deriva como a montanha de gelo. Não é de meteorologia que cuido e muito menos de geografia!

Tampouco de astronomia, que explica porque a cada noite o céu parece mais belo, mais estrelado, à medida que ficamos mais virados para fora e mais de costas para o sol. Voltados para o grande céu, boquiabrimos como nossos ancestrais. Longe das cidades, em noite clara e sem lua, o céu foi o espetáculo mais deslumbrante que vi.

Porem, tudo isso é comum a todos os outonos. Como assinalar este outono em particular? Tal singularidade, se existe, parece intangível, escapa. Por certo está além da geografia, da meteorologia... não é material.

Talvez seja preciso falar de sentimentos apenas humanos, talvez, de sensações que não se medem em números... Falar? Para quê?

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