autoria: José Lauro 

 

A professora do futuro

29/12/16

Às cinco horas e quinze minutos, quatro e quinze pelo horário solar, o céu se estendia de norte a sul, de leste a oeste azul. O álcool colorido de vermelho galgava a escala do termômetro aos 35 graus centesimais.

Os noticiários divulgam temperaturas acima dos quarenta, sempre a evocar o filme "Rio 40 graus" - são 104 Fahrenheit! Por certo a evolução ao desenvolver seres homeotérmicos não lidava com tais condições!

O excesso de calor emburrece, pelo menos os bichos de sangue quente. O organismo inteiro se consome a tentar um equilíbrio térmico. A prostração é consequência de evitar qualquer movimento, sempre fonte de mais calor. Até piscar.

O céu desnudo de qualquer nuvem traz à imaginação uma gentil professora de um tempo futuro explicando às crianças como, antigamente, a água, então ainda abundante, se evaporava e subia muito alto sob a forma de vapor para se acumular em grandes quantidades e diferentes formatos nas denominadas nuvens...

Não, ainda falta para chegar às condições desérticas da caatinga nordestina, mas as temperaturas cariocas, via de regra, superam aquelas das terras de poucas chuvas do agreste e do cangaço.

Ontem, a cena sertaneja se completava com o ar parado, bandeiras da praia a agasalhar seus mastros e o higrômetro lisboeta, em formato de galo, tinto de um azul intenso a assinalar a sequidão.

A suposta professora do futuro poderia prosseguir suas memórias a descrever como as antigas nuvens se faziam colossais e se elevavam, nos idos tempos, muito alto em colunas de água e gelo a boiar no ar para, repentinamente, se rasgarem em tempestades e tormentas, em dilúvios fertilizadores e cheias cheias de destruição.

Por fim, poderia concluir a aula sublinhando a fragilidade do delicado invólucro do planeta, onde, e apenas onde, a vida se multiplica como um milagre.

Mon, 2 Jan 2017 14:46:59 -0800 (PST)

e viva a agua
e viva a vida

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Viva!
Ambas intimamente ligadas...


Fri, 6 Jan 2017 23:35:50 -0200

Que beleza de texto, querido Mermão...
Estou muito atrasado, pois só agora li.
E reli...
Saudades dôcê, maninho...

bjos

      sem assinatura

Saudade também...
Sua generosidade não tem limites.
Obrigado.

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