crônica do dia

Adivinhe

19/8/2004

"Considero minhas obras como cartas que escrevi à posteridade sem esperar resposta". Saberia a formosa leitora, o leitor sagaz dizer de onde saiu esta frase?

Poderia ser de uma pergunta infame de um show de televisão onde, o apresentador insistiria com o o candidato para escolher um autor, por exemplo, entre Einstein, Noel Rosa, Villa Lobos, Darwin ou Gibran. Hein, hein? Em quem você apostaria, Dona Sabrina?

Também poderia ser, quem sabe, apenas mais uma frase, de uma dessa coletâneas de citações que abundam na internet, o que não elimina a pergunta sobre o autor, mas o que me interessa, agora, é perguntar sobre sua origem: de onde ela saiu para me cair no colo, ontem?

A resposta é de uma banalidade irritante: de uma gaveta de quinquilharias, de onde puxei um microfone pelo fio, como se fosse um rato pelo rabo e, com isso, fiz várias coisas pularem junto e caírem no chão. Entre elas, uma velha nota de 500 cruzados. Na nota, a frase!

Desfeito o mistério, é possível que você descubra que já andou muito por aí com a tal frase na bolsa ou no bolso. Pode nem ter visto, como eu, que não me lembro dela quando aquele papel tinha algum valor. A declaração se repete em ondas, em letrinhas tão miúdas que foi preciso uma lupa para decifrá-la.

As ondulações da frase, nas duas faces da nota, formam as fronteiras das imagens do homenageado. Além dele, ficou o registro dos presidentes do Conselho Monetário e do Banco Central, apenas em assinaturas ilegíveis - na deste, decifra-se que começa com "A". Muito justo, eles são passageiros circunstanciais. O autor da frase, não, pairou muito além desses pedaços de papeis fedorentos, mesmo depois de tanto tempo.

Um fundo de vitórias-régias na face e de algumas árvores à margem de um rio, no verso, servem para as duas gravuras de Villa Lobos. Agora, vou colocar uma Bachiana...

 

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