Em meados dos anos noventa, ocorreu-me enviar um pequeno texto, no final do ano, a aludir ao solstício de dezembro, para alguns amigos possuidores do então moderníssimo instrumento de comunicação a incorporar em um só aparelho — mais ou menos do tamanho de uma máquina de escrever — telefone, secretária eletrônica e fax, maravilha recente a possibilitar o envio de textos e imagens pela linha telefônica. Tudo parecia fantástico, fabuloso, inacreditável e, no entanto, a internet faria, pouco tempo depois, toda aquela tecnologia parecer lampião de querosene perto de uma feérica iluminação elétrica.

Desde então, a cada solstício de dezembro, preparava algumas palavras e, eventualmente, uma ilustração e, com o subterfúgio, esquivava-me dos tradicionais cartões de boas festas, feliz natal e próspero ano novo. O solstício não se vinculava a uma religião especificamente e, como efeméride astronômica inquestionável, servia de excelente pretexto. Pouco depois, decidi me repetir no solstício de junho e em seguida estendia as saudações também aos equinócios, ambos.

Veio a internet e, ainda naquela década, os fantásticos aparelhos de telefac-símile, os faxes, se tornaram inúteis e as mensagens solsticiais e equinociais passaram ao bom e, hoje, velho e-mail, com direito a todos os recursos das páginas da internet.

Sucederam-se mais de vinte anos e, da lista com muitos nomes, três ou quatro pessoas com suas respostas carinhosas, bem-humoradas, brilhantes mantém viva a chama desse olá, quatro vezes por ano, com a alegação do início de cada estação (condizente com meu fascínio pela alternância das estações).

Ontem, mais uma vez, muito me estimularam comentários e afagos advindos do "Ponto Vernal". Agradeço este contato sem Facebook, sem Whatsapp, sem Twitter, sem Instagram, sem LinkedIn, sem...

Fri, 23 Mar 2018 19:10:35 -0700 (PDT)

li essa primeiro, portanto fora de ordem
to lendo um monte de email q nao li esses dias ...

vou ler o vernal

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