crônica do dia

Boa noite

13/08/02

Havia entre as notícias da televisão, ontem, um pesadelo. Um daqueles sonhos capazes de sufocar e empapar lençóis de suor nas noites mais frescas. Sonho para se acordar com um grito retumbante e libertador.

Todavia se mencionou a noticia como coisa trivial e sem importância, nota que se perdeu no cataclismo diário de números e estatísticas usados como cordéis de nós, títeres.

Explicaram mulheres e homens âncoras do povo das tevês gratuitas que os Estados Unidos criaram novas armas. Afirmaram serem armas consideradas desejáveis, uma vez que são capazes de impedir a ação, imobilizar ou mesmo destruir equipamentos sem matar o inimigo!

Entre outras coisas, delicada leitora e gentil leitor, vamos torcer para não estarmos, nós, no alto da lista dos rotuláveis, daqueles que poderiam ser o inimigo.

Depois de exemplificar, com requinte, as novas tecnologias de violência legal, disseram os locutores que o rancheiro texano cogita usar seus novos brinquedos contra a turma da zona norte, isto é, contra o velho do Iraque.

Fontes iluminadas como as das praças públicas de Paris e, portanto, mais bem informadas, dão conta de que o presidente Bucho já mandou cartinha a Papai Noel para dizer que se comportou bem e pedir muitos soldadinhos da mais nova e alta tecnologia.

Eu, continuo perplexo diante de uma velha imagem, que meu irmão esboçou, há quase 40 anos: a de que aqueles rapazes simpáticos - que o cinema chama de bons pais de família - se reúnam em escritórios de luxo, nas cidades mais ricas do mundo, diante de poderosos computadores, para projetar armas e inventar novos modos de violência contra homens e, depois, à noite, no aconchego e conforto de suas casas, façam afagos em filhas e filhos e sexo com suas mulheres bonitas para enfim dormir sem qualquer pesadelo.

 

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