Que nojo!

berro - a parte inútil da vaca
Publicação esporádica destinada a perder-se como berro de vaca que, todavia muge, apesar da inutilidade declarada de seu berro.

O boneco de pano

17/09/03

O assunto parece polarizar. Todos falam da farsa do Gugu com bandidos de mentirinha. O povo o conhece mais do que à maioria dos políticos e ele luta pela concessão de um canal de televisão. Apesar disso, é Gugu, não Mozart, Pasteur, Darwin, Michelangelo, Bandeira nem Pixinguinha, apenas Gugu.

Não falaria disto. O assunto, por assim dizer, tomou por si a iniciativa, nas mil vozes a discutir detalhes imundos e aspectos de delegacia por todo lado. De juristas famosos à faxineira do presídio, cada um quer dar sua opinião sobre a farsa do Gugu.

Aí se destaca o clã de jornalistas, que se sentiram atingidos, embora por Gugu, e voltam aos eternos temas: liberdade de expressão, concessões de emissoras públicas - o quem é quem da onda, dona Sabrina - ética profissional, respeito a leitor, ouvinte, telespectador, o diabo!

O Gugu, os verdadeiros bandidos, outros bandidos em liberdade, os que fugiram, os atores mal pagos, o cara que fez a armação, espectadores, ibope, eu - que não vejo o programa -, aquele que ainda nem soube de nada, todos nós estamos nessa trama e ninguém, a rigor, jogaria da primeira pedra com consciência sadia, como se costumava dizer.

A televisão está cheia de imitações da vida real, para conseguir uns pontos a mais de audiência. Às vezes, se indica a simulação, outras, não. Os donos das concessões se fingem de cegos, como sempre, e transformam as concessões, a exemplo do regime vitalício do funcionário, numa espécie de cargo público sem concurso.

Panem et circenses! - governantes sempre acharam módico o preço pelo poder que os votos lhe trazem em troca. Moedas de prata - trinta aqui, trinta acolá e um bom bode expiatório para malhar. O show não deve parar: é tudo circo! E um sorriso de triunfo ilumina os rostos dos que bóiam acima da lama fétida e desferem seu ódio a pauladas no boneco de pano.

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