Crônica do dia
Publicação esporádica, a perder-se como berro de vaca, que todavia muge, apesar da inutilidade declarada de seu berro.

 

 

Corre para esquentar

 

04/04/08

Espero estar errado, mas o jeito sorrateiro do frio se anunciar, mudo como cachorro mordedor, parece prenuncio um frio de matar.

Dito o que quis calar, agora deixo aos louvadores do tropical, aos devotos de um suposto deus autóctone, aos que proclamam o sertão uma auriverde Judéia, regozijarem com essa umidade excessiva, a esfriar pés e gelar almas, estandarte e essência do coco e o do papagaio tropicalismo que nos assola ou solapa.

A água, mãe da vida, é também seu algoz. Dela que emergem amazônias e todo verde a tingir solo e pendão. Da umidade universal e perene, se entrelaçam folhas e gavinhas a demandarem agentes-laranja. Prometem mais frio para amanhã. O inverno ainda dista 78 dias!

Invejo ursos - eles sabem o que fazer no tempo do frio! Agora, fujo antes do fim, enquanto meus pés mo permitem, com votos aos amigos do outro hemisfério de muito calor, céu azul e sol beleza, energia em abundância...

A solução é caminhar. Agitar, usar os músculos. Quando, menino, vim a São Paulo - que idade teria? - e conheci frio de matar. Tremíamos de quase chorar, parados na avenida Ipiranga, à espera de se resolver o eterno desafio 'onde iremos jantar?', e meu pai nos repetia: corre, corre para esquentar...

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