Já houve um slogan aqui, foi banido.

De tempos e tempos

22/08/18

Enquanto nos debatemos com as tribulações de toda vida humana, segue o Planeta sua sina de rodopiar e circundar a estrela Sol, fonte de tudo por perto e até bem mais longe também. Nesses giros e voltas escorre uma areia fina a marcar a passagem não se sabe bem do quê. Tempo, tempo, tempo. Tempo?

O que vem a ser o tempo? Como o conseguimos perceber? Qual nariz em nós o pode farejar? Com que ouvido detectamos seu eterno tiquetaquear? Qual o olhar e qual a régua a nos mostrar seu passar? Ah, misteriosa grandeza (será?) - ora parece parar, ora disparar!

Contamos nossos grãos na ampulheta da vida. Vida finita em busca incessante do infinito. A replicar-se e multiplicar-se e reinventar-se. Vida a se prolongar em sucessivas gerações, a surpreender em mutações, a se estender de era em era e a contar os anos em muitos milhões. Vida bonita, bonita, bonita demais!

Faltam 31 dias para o equinócio de setembro, ponto singular do percurso elíptico onde noite e dia se repartem com equidade por toda parte. No trecho seguinte se farão outono e primavera rumo a um inverno e a um verão, nas delicadas reações do Planeta às variações de insolação.

Muito tempo? Pouco tempo? Tempo de significados múltiplos, tempo e temperatura a oscilar entre limites estreitos onde brota e floresce vida há tanto tempo. Tempo de tempestades, temporais e alegóricas. Tempo de inúmeras têmperas, do metal, do caráter do artista a temperar suas tintas como o outro a tempura.

Das têmporas encanecidas do ancião brota a lei extemporânea a prender ou soltar independente do tempo cronológico medido pelo relógio e do outro meteorológico sujeito a raios e trovoadas.

E la nave va ao longo do tempo desde quando não se sabe e até quando, quiçá se saberá. Nossa percepção estica ou comprime o tempo o tempo todo. É tempo de terminar.

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