autora: Mima 

Dona Sabrina

25/05/15

Uma após outras as manchetes se dissolvem no caldo espesso do inconsciente coletivo, como vislumbrou Jung. Os fatos tenebrosos ou espetaculares que as induziram continuam seu curso de consequências e desdobramentos, mas a mente humana já se ocupa de novos feitos, relatados com carga máxima de emoção nos destaques principais dos noticiários. Foi-se, por exemplo, a comoção ante o destruidor terremoto no Tibete, embora lá, e por muito tempo ainda, seus efeitos continuem e continuarão presentes.

E daí, poderia questionar dona Sabrina, personagem ficcional presente em mais de 120 croniquins, das primeiras vistas aqui e eu não lhe saberia responder à pergunta, onde a existência de uma lógica cheia de razão e sabedoria está implícita. Diante da constatação da efemeridade das notícias mais contundentes, de guerras e matanças, de horrendos assassinatos e sequestros e estupros e violações onde os mais indefesos são as vítimas - e aí se incluem crianças! -, face a esta efemeridade e ao fluxo inesgotável das manchetes, sobra a percepção da deterioração da sociedade, de um mundo onde a humanidade se espreme e continua desvairada a obedecer o mandamento do "crescei e multiplicai-vos".

De novo, dona Sabrina poderia perguntar e daí, sublinhando nossa crença no poder de uma boa explicação para tudo resolver, enquanto cada um de nós segue rumo a seu próximo afazer, para o trabalho ou para a casa, conforme a; hora, a procura de seu bem-estar, daquilo que propicie maior deleite ou de desembaraçar-se de exigências e preocupações a atormentá-lo...

Sobrepõem-se milênios desse jeito de ser humano e o ser humano nunca chega à árvore sonhada, "toda arriada de dourados pomos", como versejou Vicente de Carvalho. Ela inexiste em cada um de nós.

E, ao fundo, a voz aguda de dona Sabrina repetiria ainda: e daí?

Mon, 25 May 2015 18:58:52 -0700 (PDT)

sobra a percepção da deterioração da sociedade

eu acho q isso q vc falou eh verdade ...
por mais triste q seja

      sem assinatura

Sim, existe esta percepção, mas quando olho os pequenos, o Pedro, a Alice e muitos outros na idade deles me pergunto se não estão aí para trazer um equilíbrio, compensar aquela deterioração.

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