desenho de Mima Crônica do dia

[No fim, cada mania acha seu louco.]

E o Oscar vai para...

25/02/08

O auge do tapete vermelho está nos ritos do Oscar. Apesar de toda pompa da corte da Inglaterra, é a platéia que garante a primazia ao Oscar e que se estenda, aqui, o tapete a todo o espetáculo da fábrica de espetáculos.

As lágrimas da atriz que, tomada, só consegue apertar com mais força a estatueta; a pose de cada um e cada uma para os fotógrafos, na passarela de acesso; o malabarismo cênico do palco dos astros das telas, com uma enorme boca escancarada, tudo vira mais um filme, temperado com algum improviso, talvez, mas cheio, na certa, de ótimos atores.

Todos conhecem o enredo mas, como crianças, a maioria gosta de o ouvir mais uma vez. E, como a criança que sofre com o sapo despedaçado na volta da Festa no Céu, a maioria exercita mais uma vez, na festa de premiação, a empatia que lhe permitiu viver cada filme, meter-se na pele dessa ou daquela personagem e compartilhar lágrimas com seres de outro tempo e outro lugar. É formidável!

Sem esta capacidade do espectador, de se colocar no lugar do outro que assiste no filme, de sentir como o ser virtual que um ator ou a atriz representou, de ser em sonho a personagem que o autor e o roteirista imaginaram e a dança nas manchas de luz e sombra da tela, sem isto o cinema seria mera curiosidade científica ou um instrumento de informação, instrução, pesquisa etc.

Por tudo isto, meu voto inexistente vai para a surpreendente capacidade do ser - e não apenas o humano! - de se pôr no lugar de outrem. De sofrer a dor alheia, de compartilhar a felicidade de outra pessoa - a empatia. Capacidade que rasga larga estrada paralela ao mundo real, onde trafegam com liberdade as emoções.

Palmas para a platéia!

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