desenho de Lu Guidorzi
basta um clique! 

berro - a parte inútil da vaca
Publicação esporádica destinada a perder-se como berro de vaca que, todavia muge, apesar da inutilidade declarada de seu berro.

 

Empacou

13/11/01

 

luthier

[lü-tiê; o r não se liga; no plur. liga-se o s], e. m. Violeiro, fabricante ou commerciante de violas, guitarras, etc.

Grande Diccionario Contemporaneo Francez-Portuguez, Domingos de Azevedo, 1918, Lisboa


violeiro

[De viola1 + -eiro.]
S. m.
1. Fabricante de instrumentos de cordas
2. Bras. Tocador de viola

Aurélio


luteria

S. f.
1. Fabricação de instrumento de corda com caixa de ressonância.
2. Conjunto de tais instrumentos.
[É a f. que se deve usar em vez de luteraria.]

Aurélio

Há umas duas semanas não se publica nada aqui. Quer saber por quê? Empaca. Pois é, empaca como acontece com burro de piada, que finca o pé, ou melhor, as quatro patas e, se preciso for, arria de barriga com o peso do corpo e da carga.

Tudo começa muito bem, flui sem esforço como num parto de canguru (pelo menos assim o imagino, face aos tamanhos da mãe e da larva que, depois, sobe pelos pêlos da mãe até a bolsa ou marsúpio). Tudo flui até que, de repente, empaca. Empaca e daí em diante toda energia para tentar sair do atoleiro só torna a areia mais movediça.

Não tenho explicações, mas a situação me lembra um trecho de um disco de Les Luthiers, singular conjunto musical argentino dos anos setenta, que chegou a se apresentar no Municipal de São Paulo. Rapazes que faziam um som - e, também muitos dos instrumentos, donde o nome do grupo - faziam um som, eu dizia, meio pop, meio clássico.

Além do som faziam muita graça também. Troçavam de tudo, a começar por eles próprios e pelos instrumentos que inventavam. Muitos valiam mais pela piada, como o dactilóphono, por exemplo, feito a partir de uma velha máquina de escrever, único cujo nome me ficou. Em outros usaram pentes, serrote, mangueira de jardim e coisas assim.

Nos discos, gozavam com muito espírito todo o formalismo que envolve a música clássica e, em particular, os programas radiofônicos que fazem pose de sérios para apresentar música erudita.

A passagem mencionada é de um desses trechos, um prólogo explicativo no qual se menciona que um tal de Johann Sabastian Qualquer Coisa sofre uma súbita crise de inspiração, que o impede de compor e, por isso, assume a direção de Sei Lá Que Orquestra, o cargo de presidente do Conservatório Musical de Não Sei Onde e vários outros cargos citados com fina ironia. Note-se que todos esse nomes - Qualquer Coisa, Sei Lá Que, Não Sei Onde - eram portenhos e muito bem escolhidos.

Já disse que empaca e, agora, vislumbro a diferença entre ser, ou não ser, um Johann Sabastian Qualquer Coisa...

 

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