'Meu primeiro desenho' by  Anucha [1991]

Espreita

11/11/14

Aqui já se falou do excesso e da falta de chuva, em diferentes ocasiões. Não espanta, pois, deparar-me com uma notinha aqui veiculada há exatos onze anos, em outro dia onze do onze. Ei-la, a citar outras anotações: Encontro notinha rabiscada há 12 dias: "'Ora, direis, plantas sorrirem?' - começaria Bilac se fosse ele a lhes falar, não eu e, apesar do implícito questionamento quanto a siso, ainda insistiria em que só as não ouviu sorrirem como as estrelas... bem, sabem a opinião de Bilac sobre tudo isso mas, aqui, cada planta sorri e exulta, ainda que pouca a chuva desses dias. É uma festa para os olhos." Mas o amarelo já está de volta às folhas e a terra racha ao se petrificar. A caatinga espreita a Paulicéia.

Tinha a lembrança, mesmo sem confiar muito em minha memória, de outros anos secos demais em São Paulo e arredores. Esta anotação confirma não ser a atual escassez uma exceção. Talvez seja maior a seca a aproximar o Sudeste do Nordeste, com a caatinga a espreitar a terra outrora fértil das Bandeiras, talvez. A nomeação e uso de sucessivos 'volumes mortos' para continuar a fornecer às pessoas um líquido nem tão insípido assim, ou desprovido de odor e cor e com impreciso grau de transparência, à guisa de água, a fórmula básica de onde deriva a vida: dois átomos de hidrogênio de mãos dadas com um de oxigênio, pode ser novidade.

Prometem-se chuvaradas para esta semana ainda, no sudeste do Brasil. A fotografia do satélite mostra muitas nuvens a sudeste da região. Tomara que cheguem saturadas para descarregar onde mais se precisa essa massa imensa de água a boiar sobre nossas cabeças. Parece que o tempo já começou a virar, mas o galinho lisboeta se mantém azul, azul pálido, mas azul.

detalhe de foto do satélite GOES13 das 13h30
detalhe de foto do satélite GOES13 das 13h30

Ainda a ser impossível ouvir estrelas sem as ver, que venha o líquido vivificador para cada planta poder sorrir!

Thu, 13 Nov 2014 15:51:51 -0200

ora ora... ouvir estrelas....

essas coisas não se esquece, né?

mas fico imaginando quanto iria se
deleitar com tudo isso que acontece
um certo professor que falava
também a respeito do que vemos
quando olhamos pro infinito...
e não é que o mínimo cisco de
metal pousou exatamente onde
foi combinado... e depois de
tanto tanto tempo...
sim, ele gostaria muito de ver
tudo isso, né?

beijos, mermão

Sim, e capaz, também, o referido professor, de perceber dois "corações que se beijam" em "ternos olhares cruzados".

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