A fragilidade emerge, inesperada,
de entranhas desconhecidas,
recantos nem suspeitados.
Nas esquinas da Vida, o real
zomba de toda ficção,
de mim.

A fantasia transforma a Mulher
na serpente e na maçã
e Eva, aparece nua e repugnante
ao aprendiz de misógino,
até a redenção pela louca
da notícia de ontem, no jornal.

Por vinte dias, calculam,
ela deu banho e comida
ao marido morto, que supunha
em coma, supõem aqueles
que a rotulam perturbada mental.
Louca?

Só foi descoberta ao chamar
um seu vizinho para matar
uma cobra que entrara na casa.
O olfato do vizinho não se deixou enganar.
Vinte dias tentando alimentar
e manter limpo o corpo inerte
do companheiro!...

E Eva, bruscamente, em mim
reapareceu.


GV, 30/11/96






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