auto-retrato [] Crônica do dia

Excesso e falta

24/04/12

Desertos dão prova cabal de quanto a água é essencial à vida. As florestas tropicais, com seus muitos andares de copas superpostas, o comprovam também, de forma contundente. Onde a vida pulula com mais vigor e impõe luta mais acirrada entre presa e predador, multiplicam-se fungos para toda obra e os ciclos de vida e morte se superpõem rapidamente.

A água é essencial, mas a umidade pode ser fatal. O excesso de água no ar pode ser bonito e evocativo, como a névoa densa desta manhã ou as inconstantes nuvens a desenharem fantasias nos céus, mas é insalubre e incomodo para muitos seres vivos. Ao roubar dos corpos o calor necessário a sua vaporização, resfria, com o que contamos para aplacar a combustão, mas nos faz sentir mais frio do que o indicado no termômetro.

O sol ensaia um ou outro sorriso, mas a quase saturação de umidade o impede com teimosia. O planeta "em aquecimento" tem tido frios sarcásticos: agora, quase em meio à primavera, Nova York ronda o zero centígrado, 32 fahrenheit. E só agora, dez e meia, o céu se desanuvia, literalmente, e o sol, enfim, aparece. Mais do que a água, o sol vivifica, origem, de um jeito ou de outro, de toda energia que circula por aqui.

Um sanhaço azul esverdeado, de cor ligeiramente metálica, pousa num galho e a luz do sol o põe em destaque. Outro, preto, pousa sob a jabuticabeira. Gorjeios diversos fazem acreditar que a alegria do calor e luz solares contagia também as aves, que aparecem e somem de todos os lados.

São poucos os espaços azuis por onde o sol vara a cobertura que obnubila este dia de outono e, desde da menção a seu aparecimento, a luz forte do sol se foi e voltou muitas vezes. A leva de passarinhos deu uma trégua também. Aqui, caminhamos para o inverno e a saudade da energia solar só tende a aumentar enquanto o sol aquece o lado de lá.

 

Tue, Apr 24, 2012 10:32 am

aki teve um dia de verão, muito calor, especialmente sentido por causa do contraste rápido com o frio q vinha fazendo fazia tempo, no sábado domingo à tarde entrou a neblina
tá frio
cê não imagina!
num dá pra ver o outro lado do gramado ... desde domingo a tardinha ....

"obnubila" é demais, nunca tinha ouvido

e tudo isso é exatamente porque o clima esta doido ...

bjao, Maren

do Houaiss:

obnubilar   Datação: a1958

n verbo transitivo direto e pronominal
1 tornar(-se) obscuro; escurecer(-se)
Exs.: o moralismo obnubila uma visão mais crítica da relação entre pais e filhos

o céu obnubilou-se


Tue, Apr 24, 2012 10:38 am

Meteorologia caseira e poética.
Belas palavras, belos passarinhos.

bjs,
Guel.

Sim, são lindos os sanhaços.


Tue, Apr 24, 2012 11:55 am

Olá Clode

Linda crônica! Obrigada!

Bjs da Vera

Idem, isto é: obrigado.


Wed, Apr 25, 2012 5:19 pm

muito bonito, homem do deserto! sempre me impressiona sua habilidade apra criar (ou recriar) imagens na cabeça de quem lê o que vc escreve.
Existe sanhaço preto tbm ou entendi mal?
adorei a palavra abnubila. se conhecia, tinha me esquecido
Ajustes:
oc cilos de vida e morte se superpõeM
o planeta em aquecimento tEm tido

      sem assinatura

Obrigado, revisora oficial.
Veio-me obnubilar, mas conferi no dicionário antes de usar.
Não tenho certeza de ser um sanhaço, mas sim de parecer um e ser preto. Sou fraco em ornitologia.


Fri, Apr 27, 2012 7:06 pm

a destruição initerrupta do planeta... infelizmente parece irreversível. os animais provam isso.

as plantas... idem.

o que aconteceu no senado esta semana só compra a devastação, no caso do Brasil.
a Dilma disse q iria vetar o q os canalhas fizeram, em nome dos donos da terra.
tomara que mantenham o veto.

mas a destruição segue... agora mesmo pegaram um milhonário trilhadário matando ("caçando") elefantes na África.
teria imensao prazer em patar devagarinho um fedaputa assim.

Olha, não saberia opinar sobre essas leis que opõem preservação e produção de comida. Afinal, arroz nasce nos alagados e plantas precisam de sol... O ricaço, se não me engano, é o rei da Espanha. Ele pediu desculpas, mas foi incapaz de ressuscitar o elefante.

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