Foto de 10 de maio de 2009

Fala Ninguém!

14/10/16

Após suas considerações sobre eleições aqui e alhures, conclui o cronista: "... no Brasil não se sabe o que fará o ninguém quando vencer o seu silêncio ominoso". O "ninguém" seria o real vencedor das disputas, segundo Tarso Genro, no relato de Verissimo, a soma de abstenções, votos nulos e em branco, na crônica "Ninguém ganhou".

Corri para aprender o significado do adjetivo a qualificar o silêncio dos eleitores: "ominoso": "agourento; funesto; horrendo; execrável". Logo transparece quanto o cronista abominou a escolha desses eleitores.

Isto posto, me arrisco no terreno pantanoso da questão eleitoral. Após 54 anos sob a escravidão do voto obrigatório e isento da perversa imposição pela velhice, confesso ter sido um Zé Ninguém a me abster de ou anular o voto para ninguém escolher, como um Zé Ninguém nada reichiano, após os mais de vinte anos de jejum imposto pelos militares e perplexo desde muito jovem com as opções oferecidas ao eleitor.

Por pouco não votei em Jânio Quadros (e seu vice, Jango, na "chapa" Jan-Jan contra o Marechal Lott) - pois, na época, era preciso ter 18 anos para ser obrigado a votar. Apesar de alijado, foi aquela a primeira eleição a me envolver, no bê-á-bá do sentido de cidadania.

Na eleição seguinte já decidira escolher ninguém e anular o voto, pronto para explicar a quem se interessasse por minha escolha, mas jamais alguém quis saber. Salvo minha mãe, que me pediu na ocasião "se você não vai votar em ninguém, vota em meu tio, para mim" e eu votei para senador em Mozart Lago, mas ele não se reelegeu...

Depois veio a abstenção igualmente imposta e a seguir, em cada eleição me angustiava mais a obrigação de votar. Sentia-me tangido como gado na direção do matadouro. Parecia-me imenso absurdo estar apto para escolher o governante e não poder decidir se deveria votar, ou não.

Sat, 15 Oct 2016 10:38:48 -0300

Assino embaixo...
Bjs
Ana

Aqui fui limitado pelo tamanho de crônica que me impus há muito tempo (as primeiras eram muito maiores) e precisei cortar muito o texto que saiu-me quase como desabafo. Abomino com todo meu ser o voto obrigatório e voltei meu olhar para uma "mudança das pessoas", a dos políticos será mera consequência.


Tue, 18 Oct 2016 15:37:36 -0200

... e eu não tenho qualquer dúvida: claro que vou votar!
sempre voto.
espero nunca levar falta...

      sem assinatura

E viva a liberdade! Que votem os que assim desejarem e possam os outros não votar.

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