crônica do dia

 

Uma feminista

09/08/01

 

Conheci uma feminista, que lutou contra o sutiã e outras rédeas e símbolos na Europa, onde vivia nos anos sessenta. Tem olhos e cabelos claros. É inteligente e bonita.

Certa vez ela me mostrou vários textos que escrevera naqueles anos de entusiasmo. Aí, disse que se impressionava com a receptividade que sempre obteve, junto aos homens, para os ideais feministas. Seu espanto era porque a luta feminista, se supõe, vai contra as regalias que os homens adquiriram ao longo dos séculos e, por isso, estranhava tanta receptividade àqueles pontos de vista.

Ela falava e eu olhava para ela. Éramos jovens e seria quase impossível deixar de olhar pois, além de bonita, minha amiga tinha um olho de cada cor, bem diferentes. Os olhos diferentes quebravam a beleza quase perfeita de seu rosto. Olhava e tentava lhe explicar que, provavelmente, muita coisa lhe acontecia por uma razão muito simples: era linda.

Procurava lembrá-la do poder da beleza da mulher - o verdadeiro poder que move exércitos, montanhas e tudo mais. Desde sempre, ao que parece. Judite, há milhares de anos, libertou seu povo do jugo de Nabucodonosor com essa única arma, reforçada graças à oração: ".... o Senhor aumentou-lhe a formosura, a fim de que parecesse aos olhos de todos de incomparável beleza." e a Bíblia enfatiza: ".... ao chegar à porta da cidade, encontraram Ozias e os anciãos da cidade, que a estavam esperando. Eles, ao vê-la, ficaram estupefatos e maravilhados da sua beleza. Não lhe perguntando, contudo, coisa alguma, deixaram-na passar". Ela ia ao acampamento inimigo com um plano diabólico!

Bem, o resto dessa história está no "Livro de Judite", na Bíblia, e de resto falta contar que minha amiga, como toda mulher bonita, disse nunca ter cogitado sobre a importância de seu aspecto nos relacionamentos. Aqueles dois olhos me olhavam com surpresa: "nunca tinha pensado nisso... "

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