desenho de Mima

Há tempos e tempos

08/10/13

A ampulheta, possivelmente, não contava o tempo com a precisão dos atuais relógios atômicos, baseados em emissões eletromagnéticas de átomos em condições especiais, mas era muito mais charmosa. E o correr de areia da fina, como no refrão de uma personagem feminina, famosa, de um história infantil, cujo nome esqueci, cativava o olhar e a imaginação. Além do mais, ao virar a ampulheta de cabeça para baixo, ou ponta-cabeça como dizem os paulistas, tinha-se o renascimento, a ressurreição do tempo - fugidia grandeza capaz de modificar as outras três dimensões, como Einstein ensinou.

Ao Profeta de Kalil Gibran, um astrônomo disse: que dizer do Tempo e ele respondeu: "Vós gostaríeis de medir o tempo, o infinito e o incomensurável. / .... / No entanto o intemporal em vós tem consciência da intemporalidade da vida, / E sabe que hoje não é senão a lembrança de ontem e amanhã, o sonho de hoje. / E que aquele que canta e contempla em vós ainda está fixo nos limites do primeiro instante, que semeou as estrelas no espaço."

O tempo muda muito mais que altura, largura e profundidade. Muda a perspectiva de nossa percepção. O ponto de vista da infância jamais voltará com o envelhecer. O ponto de vista do velho é inaccessível à criança. Aquele reclamado pelo mainá, do aqui, agora, parecerá ficcional e inatingível para a mente habituada a lembrar prazeres e sonhar fantasias de gozos ainda maiores.

E nossa língua portuguesa, na mistura de palavras usa tempo também para o clima, as condições meteorológicas, o frio incômodo e temporão desta terça-feira, indo outubro já adiantado. O apregoado aquecimento global parece ter se esquecido de aquecer, também, este dia aqui.

Eia! É tempo de virar a ampulheta para que o tempo continue a escorrer, não obstante o tempo e o vento úmido lá fora, a ruflar as folhas novas.

08 de outubro de 2013 09:44

que lindo! tá poeta heim! parabéns! beijos lu

Menina, é sempre especial seu comentário e você sabe por quê.


08 de outubro de 2013 16:50

imagem recebida por correio eletrônico
Bela crônica, Clode!!! Sou fascinada por ampulhetas.
Obrigada.

Bjs da Vera

Obrigado. São fascinantes também para mim.


08 de outubro de 2013 17:45

O tempo... de novo.

Quando "ouço" suas palavras sobre outras dimensões...
lembro do pai com os olhos vermelhos ao ouvir o bip bip do cachorrinho que iria morrer na primeira viagem animal ao redor dessa bola em que estamos...

bjo, meu irmão

Para mim, ficou esta imagem com o Sputnik, a primeira "lua artificial". A cadelinha Laika foi algum tempo depois, mas ele deve ter se emocionado também.


13 de outubro de 2013 19:24

MUITO BOM!!

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