Encontrei, em muitos anos, diferentes tentativas de definir o ser humano, ao colocar em evidência alguma de suas peculiaridades. Dostoiévski, por exemplo, o definiu, em "Recordações da Casa dos Mortos" como um animal capaz de se adaptar a qualquer coisa; Francis Crick, salientou a importância da visão para o rei dos primatas; Youval Harari apontou "a maior falha da evolução": "por gerações incontáveis nosso sistema bioquímico adaptou-se à necessidade de aumentar nossas probabilidades de sobrevivência e reprodução, não de promover nossa felicidade" e outros sublinharam outras particularidades a nos diferenciar como bicho em meio a bicharada.

Hoje, me parece relevante como característica humana, nossa aptidão e fervor para acreditar nas palavras. Se podendo dizer que ao longo dos tempos o Homo Sapiens teria se transformado no Homo Verbalis, o crente, capaz de acreditar no conteúdo de ideias e palavras mais do que no que é.

Dependemos de crenças em nosso dia a dia, sem falar na busca de conforto psicológico por meio de deuses ou deusas, de superstições ou presságios e outras fantasias mirabolantes. Nos especializamos tanto e há tanto tempo como devotos do verbo que criamos o futuro e por ele trafegamos com naturalidade, cheios de "certezas", na perseguição de uma felicidade, também ela projetada filha primogênita de nosso credo.

Prova contundente de nossa vocação para acreditar nas criações verbais está em cada obra de ficção, seja literatura, cinema, teatro ou televisão. Shakespeare, Cervantes, Fellini em suas criações dependem totalmente de nossa inata e incomensurável capacidade de crer, de aceitar narrativas, por mais inverossímeis que sejam.

Há, inclusive quem imagine a ocorrência de uma evolução, paralela à biológica, de nossa existência no universo de palavras e ideias.

Thu, 20 Jul 2017 10:20:06 -0700 (PDT)

a coisa da crenca eh incrivel mesmo
haja vista os sonhos e como 'acreditamos neles"
no sonho eu sou eu, nao sou a floresta, o golfinho, o bule de cha
mas se estou eu a sonhar? quem serah a florests, o golfinho, o bule de cha?

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Sim, somos os nossos sonhos.
Acreditamos também no dinheiro, na Justiça, na Bolsa de Valores em tudo!

Fri, 21 Jul 2017 10:49:42 -0300

Maravilha, Clode. É bem isso - ou parece ser. :))

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Obrigado.
O último parágrafo, sem estar explícito, cita seu filho.

Sun, 6 Aug 2017 12:31:23 -0300

de novo o Hermano, Irmão...
mania de colocar as coisas em dia... como se isso fosse possível.
(ainda bem que não são possíveis...)
Afinal, fiquei um tempão sem dar e dá notícias do que passa cabeça. A minha, claro, bem mais miudinha.
Mambembe...
Sempre aprendi mais com você... kkkkkkk!
Mas é verdade.
E em matéria de Homem Sapiens... perco de lavada. Mas nem ligo. Minha pequenês dá pro gasto ou bem mais.
Mas é menos uma pena que a gente se encontre tão tão pouco.
Mas você representa nossa patotinha bem melhor do que eu, reconheço.
Acho melhor ver se vou pegar um bom filme com a Bia, mais tarde. Antes, assistir a um filme, se der. E, certamente, uma apresentação do Grupo Corpo, que acompanho desde o comecinho. E espero continuar assim.

Respeitosamente...

aquele um

bjos, Mermão

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Sem comparações!

Cada um é o que é e não tem por que comparar.

Vamos ver se encontramos mais. Vou me esforçar para isto e aprender a viajar...

Bom final de domingo aí!