fotografia da carteira funcional do Jormal do Brasil - 1966

de esporadicidade imprevisível

Inteligências e Andorinhas

21/08/17

A inteligência, entre tantas maravilhas com que a vida desafia nossa compreensão, se destaca, possivelmente, como a mais intrigante, pois além de sua infinidade de facetas, encerra o mistério das soluções fisiológicas para arquivar lembranças e processar o pensamento, onde se incluem de complexas equações diferenciais ao intrincado caldeirão das emoções.

Volta-me o espanto ante a inteligência - manifestação também patente em todas as espécies animais, me parece - ao apreciar nessa véspera de primavera, algumas andorinhas perdidas neste sólido a me emparedar formado pelas fachadas dos fundos dos prédios contíguos ao redor do quarteirão.

Conto três andorinhas a descreverem arcos neste espaço quase fechado - voam muito rápido em manobras de grande elegância - tangenciando fachadas de modo a sugerir uma colisão iminente. Escapam sempre, é óbvio, e me trazem à memória anos anteriores, quando acompanhei o desvelo de duas delas ao cuidarem de uma ninhada, oculta na caixa embutida da janela corrediça de um quarto no prédio defronte.

Naquela ocasião, pude ver evoluções aéreas semelhantes, do casal de aves, por algum tempo antes do "mergulho" de uma delas nas entranhas da janela. As aspas salientam ser o tal "mergulho" de baixo para cima, no estreito vão entre a janela e a parede. Pareceu-me, naquela ocasião, servirem as manobras para ocultar, a eventuais predadores, o local do ninho. Ontem, foram três andorinhas e, sendo ainda inverno, creio não existir prole por enquanto.

A inteligência da andorinha evoluiu no sentido de proteger sua espécie, a tornando capaz de descobrir um abrigo bem protegido em meio a humana arquitetura, fazendo-a esvoaçar em manobras de despiste e, certamente, a dotando do discernimento necessário para a escolha do consorte.

Para onde evolui a inteligência humana?

Mon, 21 Aug 2017 09:35:52 -0300

Oi, Clôde

Você sempre surpreende como observador da natureza!
É uma qualidade dos melhores cientistas...

O cérebro e sua evolução continuam sendo um grande mistério, apesar de tudo
o que já se desvendou sobre ele. Neste domingo chuvoso, escuro e frio, reli um livrinho
de Jack London (Antes de Adão), em que ele se inspira em um desses mistérios ainda
controvertidos: a memória da espécie - uma ideia que aparece na teorização de Jung .
É a história de um garoto que sonha com sua vida enquanto era um hipotético ancestral seu,
ainda pré-humano, que teria vivido no Pleistoceno e de quem ele teria herdado essas memórias...

Bjs
Ana

Oi, Ana,

Fascina-me olhar e acho ter vivido muito em torno de observar, ver. Entretanto, faltam-me todas as outras qualidades de um cientista. O cérebro humano, sim, é mais fascinante do que olhar.

A chuva só chegou por aqui na noite de ontem e o frio nunca iguala o daí.Nunca ouvira falar de Jack London. Já o encontrei na wikipedia e peguei o Before Adam, em inglês, no projeto Gutemberg. Gostei da sinopse. Obrigado.

Sempre simpatizei com a ideia do inconsciente coletivo, bastante evidente, eu acho.


Mon, 21 Aug 2017 11:11:28 -0300

adorei, adoro quando você descreve porque enxergo a cena.

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Que bom!
Gosto de observar... sempre gostei.


Wed, 30 Aug 2017 11:35:30 -0300

Além da beleza daquela suas foto juvenil (pode mandar uma cópia pra mim, se não for atrapalhar muito?) aqui estou pra dizer de adorei tudo que você falou sobre as andorinhas. Acontece que a Bia é louca por passarinhos e inventou uma espaço específico pra elas virem beber e comer por aqui. É uma festa de começa com o nascer do dia e a Bia acorda mais cedo só pra ir cuidar delas.
E você como vai por nessa terra querida de São Sebastião?
Saudades...

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Você vai gostar de ver de onde vem aquela fotografia, estou certo. Tinha, então, 22 anos...
a idade com que Rafael morreu.

Os pássaros são absolutamente fascinantes. São outros por aqui, em relação aos da Granja, exceto pelos bem-te-vis, as rolinhas e os pombos. Bem, lá havia andorinhas também.

Que legal este viveiro criado pela Bia. Lembra-me o apartamento do Leblon, onde mamãe morreu: ela colocava quirera de milho e alpiste no chão da sala que ficava cheia de passarinho também...

Esta terra de São Sebastião do Rio de Janeiro continua linda e maltratada.

Saudade também!


Thu, 3 May 2018 17:27:36 -0300

Eu que lhe pregunto?

Ando calada , mas com muita saudade de ti. Se eu escrever algo errado...me desculpe..tô veia e cegueta.
Traumas de Autocad. Ou oriundo de, Tantas linhas...tantas cores, tantos layers. Ceguei...cegando..só na cirurgia.
Saiste na hora certa. Mais nada. Bjks! Passsa aí pra tomar um café...Google não me corrija...hablo como quero.

      sem assinatura

Passarei, sem dúvida, que estiver nas cercanias.
Saudades também. Veja lá um oftalmologista para continuar a ver. Ver é bom demais!
Google é um chato!

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