de esporadicidade imprevisível

Liquirizia

19/01/17

O alcaçuz ganhou destaque nas manchetes. Infelizmente, como nome de um presídio do nordeste brasileiro. A repetição da palavra me trouxe outras associações de tempos há muito esquecidos.

No princípio da segunda década de minha vida, tive um vizinho italiano, funcionário da Pirelli, a quem coube apresentar-me duas especialidades daquela cultura: o Fernet e a Liquirizia.

O primeiro, uma bebida alcoólica, amarga e adocicada, mostrou-me de forma cabal a impossibilidade de enfiar a chave na fechadura ao retornar para a casa ao lado, onde morava.

Já a Liquirizia ou Alcaçuz se tornou por bom tempo uma paixão e descobri, sempre aconselhado pelo vizinho, inúmeras "apresentações" do produto, inclusive a própria raiz, trazida por ele da Itália.

Encontrei lugares no centro de São Paulo onde se vendiam pequenas embalagens, elegantes, de lata com a tampa articulada, dominantemente verdes, com a iguaria importada da Itália no formato de pequenos cilindros negros, de dois ou três milímetros por um de diâmetro, aproximadamente.

Naqueles tempos, perdia-me com o gosto marcante do alcaçuz o dia inteiro e, quando por qualquer razão, faltava o produto importado, socorria-me com jujubas daquele sabor, vendidas, então, pela Kopenhagen...

O tempo correu e já não era mais vizinho do italiano quando vi, nos jornais, uma nota da Pirelli avisando o mercado sobre sua demissão a bem da companhia.

Tudo parece fascinante quando se tem vinte e poucos anos! Naquela época, a Marginal do Pinheiros não chegava àquelas lonjuras e, por isto, a rua Quintana era curta, sem saída e acabava em um terreno meio "pantanoso", de uma lama preta.

A rua já era acesso para a sofisticada Sociedade Hípica Paulista, mas isto, para os moradores do entorno, significava apenas uma quantidade extravagante de moscas em nossas casas na época do calor.

Thu, 19 Jan 2017 10:43:58 -0200

Fiquei indignada quando soube o nome desse cárcere.
Fizeram uma infeliz adaptação .... de Alcatraz, para Alcaçuz.
Liquirizia, eu não conhecia. Era a compra mais comum, na infância. Na vendinha eu comprava.
Você melhorou? Tomara.
Beijo

      sem assinatura

Pensei logo no famoso Alcatraz, mas não sei se houve intenção de associar um ao outro.
Você comprava alcaçuz? Na vendinha?
Obrigado, melhorei sim.


Mon, 23 Jan 2017 14:41:11 -0200

... e você ainda lembrar de tantos detalhes daquela época, hein?
Ô memória...
Eu esqueço de quase tudo ao redor do meu redor. À vezes, demora muito a lembrar ou nunca lembro definitivamente.
Simmmm.... o tempo passa.

Boa tarde aí, Mermão

bjo

      sem assinatura

Também me esqueço de muitas coisas. De outras, lembro.
A memória é um jogo que envolve as emoções...
Obrigado.
Boa tarde por aí também.

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