autora: Mima 

Logo ali

16/06/14

O inverno está logo ali, no final da semana. Os dias frios que tivemos por aqui ainda foram do outono, a pintar o liquidâmbar de verde e amarelo na queda tardia de folhas recortadas e importadas de climas fora dos trópicos, acostumados à neve e a ursos sabidos capazes de hibernar. Todos os anos as folhas da árvore alienígena demoram para cair e sua nudez completa só advém com o inverno bem avançado. Ela foi presente de uma aluna da enfoco, uma minúscula muda que, como muitas outras plantadas aqui, não sugeria em sua fragilidade e tenrura o ser imenso e poderoso por vir no porvir.

folha do liquidâmbar
folha do liquidâmbar

Passa um barulhento bando de maritacas em vôo rápido. Uma pequena abelha vem inteirar-se sobre o computador - examina a tela, o teclado e, diante da inexistência do que a pudesse interessar, se vai pela mesma janela por onde chegou. Estamos, do lado de cá do fim do mundo, praticamente sobre o trópico de Capricórnio - 23º 34' 22" - e perto demais do Atlântico. A combinação faz com que a umidade incomode mais do que o frio, presente apesar dos clamores de aquecimento do planeta.

Uma passarinho grita em desespero. Provavelmente teve seus ovos ou filhotes roubados pelo bando de saguis que vageiam por esses lados e são alimentados por vizinhos. É surpreendente poder decifrar emoções em piados de pássaros, mas o desespero transparece nítido nos pios que evocam gritos.

O sol oblíquo aquece pouco e névoas sopradas do mar atenuam ainda mais sua energia. O pêndulo se aproxima de um de seus limites verão/inverno, desta vez verão ao norte, inverno ao sul, pára um breve instante e segue, movimento invertido, inverno e verão afora, rumo ao próximo solstício, alternando a insolação de nossa bola, do planetinha azul, para distribuir por todos o calor e a energia de nossa estrela. Uma borboleta amarela e preta passa e aproveita o sol e o calor.

Date: Mon, 16 Jun 2014 11:23:41 -0700

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de uns anos pra cá, sempre q vejo os liquidâmbares por aki, me lembro de vc
são árvores lindas e ficam mesmo, as folhas, da cor de âmbar (sei la como se escreve, não sei mais escrever)

mas ....

do seu "quintal" e arvoredo, ficou-me a lembrança de como tudo cresceu!
virou uma florestinha, cheia de árvores imensas!
lembro de tudo bem, bem menor, anos, muitos anos, atrás

foi tão bom ter ido aí e ver sua morada

eh uma relação diferente

ninguém daih conhece a minha ...

bjs

O Vi não esteve aí com você? Pensei que ele teria ido, uma vez que foi fazer qualquer coisa na Califórnia. Cabeça de velho. . . Agi como se tivesse mil vezes mais área. Era um despreparado. Outro branco na minha cabeça: quando foi a última vez que você veio aqui?


Mon, 16 Jun 2014 14:37:43 -0700

Linda crônica!

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Merci.


Tue, 17 Jun 2014 14:09:50 -0300

Olá Clode

Como sempre, seus escritos, além de fornecer ao leitor um deleite com a visualização daquilo que você narra, a mim ainda traz muitas informações novas, como desta vez o nome dessa árvore, alienígena como você a chama - Liquidâmbar.

Em algumas de minhas viagens encontrei dessas árvores e as cores que elas mostravam em suas folhas recortadas, conforme a estação, me seduziam. Tenho uma gaveta cheia delas, já secas, que me trazem boas lembranças e também fotos como estas ?que lhe envio, tirada na "Pineta" de Viareggio - Itália.

Não sabia que assim era chamada. Valeu querido professor...agora também de botânica.

foto da missivista foto da missivista

Beijos da Vera

Belas fotos, carrssima, para usar um adjetivo caro aos italianos... Obrigado.

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