desenho de Lu Guidorzi
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berro - a parte inútil da vaca
Publicação esporádica destinada a perder-se como berro de vaca que, todavia muge, apesar da inutilidade declarada de seu berro.

 

Maritacas

17/01/02

 

"do Aurélio"

maritaca
[Alter. de maitaca.]
S. f. Bras., MG e SP.
1. Designação comum às jandaias [V. jandaia.], especialmente a duas espécies; a Aratinga aurea (Gmel.) e a A. aurica pilla (Kuhl), ambas com larga distribuição geográfica. A primeira tem coloração verde, com a fronte vermelho-alaranjada, marginada de azul, abdome verde-amarelado, parte das rêmiges azuis.
[Var.: maritacaca.]

jandaia
[Do tupi ñe'ndai.]
S. f. Bras.
1. Designação comum às espécies de psitaciformes da família dos psitacídeos, gênero Aratinga Spix, comuns em todo o País, especialmente a A. jantaya (Gmel.) do N.E., de coloração amarela, dorso verde, asas azuladas, cauda do verde ao azul com ponta escura. Vive em bandos, sobretudo nas regiões dos carnaubais, e se adapta bem ao cativeiro. Os jovens são quase totalmente verdes.

bambu-imperial
S. m.
1. Elegante bambu, da família das gramíneas (Phyllostachys castillonis), de colmos amarelos e com listas verde-claras.

Há novidades por aqui: grandes bandos de aves barulhentas que muitos chamam de maritacas, outros de periquitos e alguns, até mesmo, de papagaios. Como elas, fazemos muito barulho por meras palavras.

O nome pouco importa, já se vê. O verde brilhante das penas quase as faz desaparecer quando tomam de assalto a frondosa copa de uma grande árvore. Só se expõem no vôo, contra o céu.

Se passam despercebidas ao olhar, são conspícuas pelo barulho que fazem. A algazarra pode ser ouvida de longe e logo chama a atenção. Pode parecer um clamor de alegria ou, em outros momentos, o alarido de lutas e disputas. É uma presença muito mais auditiva do que visual, apesar dos bandos numerosos que, de tempos em tempos, passam em vôos baixos e curtos sempre com muita gritaria.

Vem um bando de trinta ou mais pássaros, chegam sem aviso e com a disposição das grandes torcidas de time de futebol. Assustam, ao menos às outras aves, que logo abandonam a árvore escolhida para poleiro temporário, mas ficam por perto, a vigiar.

Nem todas as maritacas gritam. Muitas emitem sons mais brandos, mais graves, quase gorjeios. Um som difícil de definir, que lembra o ranger de cordas que se esticam no cais ou o roçar dos bambus-imperiais sob o vento. A agitação diminui aos poucos, até o silêncio. Pode-se ver, então, que elas estão ocupadas, a comer. De repente, um primeiro grito, depois outro, o burburinho recomeça, a grita aumenta e uma primeira voa, logo outra a segue e mais outra... Partem em bandos sucessivos, enchendo o espaço de sons.

Quando estão mais longe, o alarido passa a fazer parte do ruído de fundo, e só pode ser percebido se nossa atenção procurar por ele, especificamente. Quase nunca estamos atentos às coisas que se passam em volta de nós. Quase nunca percebemos o que se passa dentro de nós...

Nota: crônica não publicada quando foi escrita (04-01-02) por falta de modem e, depois, por terem as aves sumido com a chegada das chuvas. Como as chuvas não param, ei-la.

 

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