Anuncia-se em surdina o fim dos desfiles suntuosos das Escolas de Samba. Na noite de sexta-feira, José Ramos Tinhorão, 90 anos, entrevistado pela jornalista Tania Morales, na CBN, afirmou serem teatro, e não carnaval, os desfiles da Marquês de Sapucaí. Foi irredutível e, dizendo ser feia e forte a palavra esculhambação, mas imprescindível para definir carnaval: "carnaval não pode ser organizado, por definição, carnaval é esculhambação."

No domingo de carnaval, Ruy Castro iniciou sua coluna no jornal Folha de São Paulo, "Folias de Janis Joplin" (censurada para os não cadastrados!), assim: "O Carnaval carioca ressuscitou do Sambódromo, onde esteve enterrado durante 30 anos, e voltou para a rua, que é o seu lugar."

Além da volta do carnaval de rua, esculhambado e filho do Acaso e da improvisação, vozes de "intelectuais do samba" se alteiam a diagnosticar o óbvio, os intermináveis desfiles de Escolas de Samba são chatos, maçantes demais, insuportáveis.

De fato, o que antes acontecia com base no improviso, em desfiles por ruas da cidade e, na década de sessenta, começou a se isolar do povo, primeiro com uma simples corda circundar os sambistas, até a construção do Sambódromo, também incorporou carros alegóricos, cujo desfile, na origem, era o das Grandes Sociedades, em dia diferente daquele das Escolas de Samba.

A festa se elitizou, pôs de lado o povo e criou camarotes para reunir abastados e "famosos" em torno das fortunas de televisões e cervejarias, que muito lucram com a atração teatral. Como espetáculo paralelo, a mídia voltou suas lentes para os tais camarotes onde flagrou, até, uma acompanhante de um Presidente da República, que esquecera de vestir sua mais íntima peça de roupa.

Hoje, no Rio de Janeiro, desfilarão as primeiras Escolas de um festival cujo fim já se sussurra nas coxias.

Sun, 11 Feb 2018 19:37:45 -0200

Oi Clode querido... um bom 2018 pra vc!

Embora não comente, ainda leio suas palavras, viu? Obrigada!
(Considere esta mensagem como “prova de vida”! Rsrsrsrsr - continue mandando, por favor!

São Paulo está uma delícia no carnaval, já há alguns anos, com tantos blocos de rua, pra todos os gostos. Sem cordão de isolamento!
Hoje fui em um bloco de maracatu. A certa altura chegaram pessoas vestidas de prateado, vindas de um outro bloco com pegada ficção científica. Saias de chita e corpetes prateados se combinaram. Tudo lindo.
Amanhã, às 9 da manhã (meu fuso horário!) - vou em um bloco de marchinhas, com sax e trompetes.
Tem diversão e também afirmações consistentes - como o Ilu Obá De Min, que faz um trabalho educativo e cultural o ano todo, com mulheres afrodescendentes.
Tem pra todos, parece.

No mais.... a crise aqui comprometeu as finanças, mas me devolveu um tempo e uma disposição para desenhar, desenhar, desenhar. Considero um presente. O futuro sodeussabe.

Beijo!!!
Aida

Oi, Aida,

Obrigado, eu. Obrigado também por me lembrar que preciso dar prova de vida na Caixa Econômica Federal. Certamente você não será excluída da lista de remessa, mas com o passar do tempo de vez em quando me ocorre se todos ainda leem...

Pois é, o retorno do carnaval do povo, do carnaval de rua fez um enorme bem a essa festa tão brasileira e é muito divertido encontrar fadas, anjos, diabinhos e muitas outras personagens pelas ruas e, até, nos corredores do prédio.

A crise pegou todos de surpresa, mas tenho o palpite que 2018 será melhor. Para mim, começou promissor.

Mon, 12 Feb 2018 10:52:23 -0200

De acordo! Não curto Carnaval, mas os desfiles são chatos demais...
Fico espantada com alguns amigos que adoram!

A turminha mais jovem da minha família (Denis, e também minhas sobrinhas)
gostam de sair é em blocos.

Bjs
Ana

Uma vez, há muitos anos, estive bem perto de uma ou mais baterias de Escolas de Samba, na Sapucaí. É uma experiência física fortíssima, pois "ouvimos com todo o corpo", tal a intensidade do barulho.

Sim, muitas pessoas adoram o "espetáculo teatral", nas palavras do Tinhorão e isto também me espanta. Logo lembro: "de gustibus et coloribus non disputandum".

Os blocos vêm resgatando o brincar das origens do Carnaval.

Mon, 12 Feb 2018 17:38:38 -0200

Perfeito, impecável, maravilhoso!!!! Me lembro das "grandes sociedades". Rancho. Da cordinha a separar sambista dos povo. De correr pra avenida Atlântica e, de pé na calçada, ver passar a campeã Mangueira, com a família.
E o movimento na padaria fervilha, Carvalhos fica cheio de forasteiros durante o Carnaval. Embora eu não esteja vendo folia: soube anteontem que ontem haveria desfile da escola de samba, segundo ano da façanha, chamada de Vai Quem Quer. Pensei que Carnavalhos seria apropriado.

      sem assinatura

Muito bom Carnavalhos...
Grato pelos elogios. Eu nunca assisti desfile das campeãs...
Os seres humanos são fascinantes com seus comportamentos surpreendentes e, muitas vezes, inesperados. Vá com o Vai Quem Quer, se quiser ou com o carnaval de Carvalhos, o Carnavalhos.

:-)