Em 21 lições para o século 21, Harari prevê a passagem do Liberalismo para o Algoritmo de Big Data assim como passamos da Religiosidade para o Liberalismo, diz e cala sobre a ainda considerável parcela da população crente em algum Deus ou outra fonte de milagre.

Ao antever o porvir, ele pinta um quadro macabro: "À medida que, através de sensores biométricos, cada vez mais dados fluírem de seu corpo e seu cérebro para máquinas inteligentes, será fácil para corporações e agências do governo conhecer você, manipular você e tomar decisões por você. Mais importante ainda, eles serão capazes de decifrar os mecanismos profundos de todos os corpos e cérebros, e com isso adquirir o poder de fazer a engenharia da vida. Se quisermos evitar que uma pequena elite monopolize esses poderes, que parecem divinos, e se quisermos impedir que a humanidade se fragmente em castas biológicas, a questão-chave é: quem é dono dos dados?"

Em certa medida, Harari cogita de uma legião de Frankensteins** tecnológicos, seres fabricados por inteligências artificiais a partir de aperfeiçoados algoritmos e do uso intensivo de processamento apoiado por refinada tecnologia. Na verdade, ele vai mais longe: supõe uma tal integração entre Inteligência Artificial, Biologia e Genética capaz de alterar características humanas a ponto de criar uma nova espécie, de fazer um Homo melhorado, mais inteligente, mais criativo, com maiores aptidões e ainda mais longevo. Porém para muito poucos, os riquíssimos. A grande massa de Homo sapiens continuaria como é, sem emprego, sem assistência etc. (O cruzamento de espécies diferentes só é capaz de produzir híbridos estéreis.)

Imagino Mary Shelley, a jovem autora do início do século XIX viva e com toda a informação hoje disponível para Harari... Que história de terror teríamos?

* O subtítulo de Frankenstein, de Mary Shelley, é "ou o Prometeu Moderno". 

** Victor Frankenstein é o nome da personagem criadora, com experimentos
científicos, do monstro sem nome muitas vezes chamado de Frankenstein. 

Wed, 02 Jan 2019 23:48:47 -0200

Clode, que século é IXX?
Você é mesmo fã deste autor, né?
Sei não, previsões, sempre houveram muitas, algumas certeiras, outras nem tanto e provavelmente o futuro sempre traz alguma imprevisível surpresa.
A desigualdade de condições de vida entre os humanos, infelizmente, porém, permanece e permanecerá em toda a sua crueldade.

      sem assinatura

Já corrigi, mas depois de enviar o e-mail. Leia-se XIX. (Obrigado pelo copi.)

Gosto dos temas que ele aborda, mas faço as mesmas restrições: é impossível prever o futuro e, sim, sempre surge algo que ninguém imaginaria. O livro é muito bem escrito e não vou acreditar nas coisas por ele aventadas, mas é bom saber de possibilidades, mesmo se assustadoras.

Thu, 3 Jan 2019 05:47:42 -0200

Querido Claude

Gostei bastante desta sua crônica e até mesmo já procurei o livro para comprar.

Sempre é muito bom encontrar em nossa caixa de e-mails correspondência do Cronista (nada) Aprendiz. Aprendizes, na realidade, somos todos nós, seus leitores!

Aproveito o ensejo para lhe desejar um 2019 bastante feliz e criativo, de modo que possa continuar a produzir, mais e mais, textos como este.

Abraços de sua sempre aluna,

Vera Laporta

Oi, Vera.

Que bom que você gostou. Sobre o autor, há informações aqui.

Gosto dessa forma de contato com amigos e eventuais leitores que não conheço. Aprendizes somos todos, sem excessão, enquanto vivos.

Feliz 2019 para você e para os seus!

Thu, 3 Jan 2019 08:57:29 -0200

Socorro!!! Pobres de nossos bisnetos...

Bjs
Ana

Pois é... Tomara que nossos netos escapem!