'Meu primeiro desenho' by  Anucha [1991]

Ocaso

18/09/08

Ontem quando, com o braço esticado, o sol se elevava um palmo acima do horizonte, sua luz chegava muito branca depois da escassa chuva lavar um pouco o ar. Batia oblíqua nos grossos galhos da paineira e ali ressaltava espinhos imensos, perigosos quando se destacam e caem. Ali, nos galhos e assim iluminados, era um deleite para o olhar e simulava maior acuidade a olhos em degradação.

Ventos despiam de nuvens o céu e o mesmo sopro trazia de sudeste novas coberturas, como se vexado por azul tão imaculado. Em bando, andorinhas rasgavam o espaço em vôo veloz com asas em arco.

O rádio contava de uma tempestade de granizo com pedras enormes, em Belo Horizonte. Descrevia estragos e falava de pedras de gelo descomunais, enquanto aqui, o sol declinava e sua luz tinha o condão de, através de uma atmosfera diáfana, tornar tudo nítido, lindo.

Quase no horizonte, o sol pintou os céus em cores suaves de oeste a leste, de norte a sul. No lado iluminado, as nuvens ganharam tonalidades entre o rosa e o alaranjado, cores suaves, pálidas, mas brilhantes e no lado da sombra, aparentavam vasta gama de cinzentos a arroxeados. Por ironia, lembrava pintura!

Já no horizonte, a luz agora tênue e amarelada do sol, destacava partes da imponente paineira pintando a face inferior dos galhos com um estranho aspecto cinematográfico, sobre um fundo de azuis esverdeados luminosos raros no céu.

Mais de meia hora depois do pôr-do-sol, uma faixa alaranjada destacava o perfil da paisagem ao longe, no horizonte onde nossa estrela mergulhara para um meio-dia sobre o Pacífico, se confundia com luz amarela de sódio num pedaço de loteamento recortado pela vegetação próxima, longe, como presépio. Os primeiríssimos raios de sol destacariam este mesmo trecho pela manhã se o céu acordasse nu de névoa ou nuvem.

Anoiteceu.

|volta| |home| |índice das crônicas| |mail|  |anterior|

2454728.10515.909