Onze e onze

a uma amiga muito querida

no digital é indiferente:
vinte e três é igual a onze -
quatro linhas verticais
curtas, feias, imperfeitas
no mostrador antigo,
precário, vermelho forte
sempre a zombar da escuridão:
onze e onze.
Ali parece sempre
onze e onze
onze e onde?
no rádio-relógio quebrado
quase mudo, rouco e louco
que decide destacar - decide?
receptor de dez dólares
dos norte-americanos,
feito em Taiuam,
muamba a se decidir
sempre onze e onze
hora doida e doidivana
big bem a assinalar
em badaladas e embalos
e ecos de baladas
a dobrar o onze e tudo
para entregar acesa
a chama da memória
que já se esqueceu.
Bing!... Bong!
onze e onze.

gv,21/01/06

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