crônica do dia

 

Oráculo da Diva

08/12/00

É tempo de profecias e oráculos. Tempo de Charlatão aparecer e lançar vaticínios aos ventos coisas para o ano primeiro - da nova década, do novo século do milênio. A contenda é morta e sepultada, os que queriam números redondos, cheios de zerinhos nas contas cristãs, já fizeram sua algazarra nos canhões do Forte com direito a tortura de jornalista nos porões. No vômito de lagostas, champanhas ao molho de camarões o embrião do ano redondinho com um leve sabor de ditadura.

Entre profetas fajutos, que anunciarão a morte do papa e de outros papas para o próximo ano... ou década, com o milênio de lambuja, sublinho uma, mais antiga: 'aumentos brutais nas tarifas públicas, queda na qualidade dos serviços, retrocesso social e, além dos prejuízos para o patrimônio público, enorme e crescente desemprego. Pode-se ainda citar retrocesso tecnológico, social, agravamento na concentração de renda etc.'

Publicada dois dias após o reveillon dos fracos no Forte. Seu autor, se previu a própria morte, calou: Barbosa Lima Sobrinho morreu aos 103 anos. O artigo é brilhante e anuncia a crise que rola agora:

'Parece não haver dúvidas de que a Argentina realizou um dos processos mais radicais de privatizações. Alienou quase todo o seu patrimônio público da forma mais rápida e inconseqüente possível, como se essas medidas fossem indispensáveis para salvar o país do colapso iminente. Em nome da "modernidade", da "globalização" e outras bandeiras desse liberalismo pernicioso, criou-se uma onda irresistível e, num piscar de olhos diante da história, a Argentina percebeu-se sem nenhuma carta na mão para enfrentar o jogo do capitalismo voraz ou, como preferem alguns, as regras do livre mercado.'

Mas há muitos outros óbvios para prever... votaremos, das cavernas da Diva, uma vila como a Isabel.  volta a A Vítima

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