crônica do dia

Pedra Filosofal

01/11/02

A mulher linda está lá por uma única razão: por ser linda. Tudo mais é acessório, tudo mais é pretexto, tudo mais é corolário. De novo: é apenas por ser linda que a mulher linda é recebida, é bem-vinda, é convidada, é aceita, é vencedora. Pela mesma razão ela é cortejada, vestida e despida assim como tudo que se apontou também é corte e ainda por esse único motivo tudo lhe cai do céu e o mundo lhe cai aos pés. Cai, por ser ela linda.

É simples assim. Falo de um ponto-de-vista deformador. Nunca saberei como se passam as coisas na alma feminina. Não só na da mulher linda, mas na de toda mulher, inclusive na das que se sentem desafiadas ou, até, ofendidas pela beleza da mulher linda.

O homem, bicho visual, esse queda estarrecido, nocauteado, hipnotizado. Completamente bobo diante da mulher linda! Eis a verdade: o mais corajoso guerreiro amolece, vira um idiota de babar, um bobo inofensivo face a mulher linda. É um tremendo poder! E basta olhar, basta o rosto na moldura dos cabelos, a forma do corpo, as insinuações em cada mínimo movimento... Da alma masculina sei melhor por a sentir e por observar e quando se observa o igual, fica mais fácil adivinhar...

Esse poder descomunal bastaria para explicar a generosa fatia de vida que tantas mulheres oferecem em holocausto nos salões de beleza - salões de beleza como salões de todas as belezas! Antes de continuar, esclareço: não zombo, pois mais de uma vez quase me apaixonei por uma cabeleira, que poderia ser apenas uma peruca, nunca se sabe! Esconderijos de rostos nada atraentes. Como dizia, tanto sacrifício leva tanto da vida de cada mulher como se a mulher linda se pudesse construir de pedaços ou por meio de fórmulas químicas, como se fosse possível tirá-la de tubos de ensaio e retortas tal e qual pedra filosofal.

 

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