Políticos

24/01/02

Mataram alguns políticos. Daí governantes, que sempre cuidam exclusivamente dos próprios interesses, começaram a fazer discursos sobre violência. Claro, o país é um dos campeões do mundo também nesta matéria.

Reportagem policial já foi a escória dos jornais, nas páginas mais escondidas. Matéria de polícia causava vergonha ou repulsa, ainda que fingida. Fazer cobertura policial era uma espécie de castigo nas redações.

Hoje, o crime ganhou status e as primeiras páginas, os mais nobres horários com destaque em todos os meios. Sejam esses meios a mídia ou o meio social, do café soçaite à malandragem, nas figuras de outros tempos. O crime, com seus astros - bandidos e mocinhos - e estrelas, é que tem dado ibope. Parece que, como nos filmes, até o papel de bandido é desejável!

Quando se mata um policial, não há discursos e a reação é rápida, brutal e subterrânea. A vingança é corporativa. No assassinato de chefões do crime se tem visto reações semelhantes, mas escancaradas. Fora da lei, a maior vingança é o desafio à autoridade. A matança de políticos, até agora, só produziu muita discussão.

Anteontem, dos muitos crimes, dois rapazes de menos de vinte anos morreram a tiros. Um no Rio outro em São Paulo. No Rio, um segurança implicou com a cantoria de adolescentes no ônibus e mandou que eles descessem, sob a ameaça de arma. Como estava muito nervoso, não esperou r deu três tiros. Um acertou o rosto do rapaz. Em São Paulo a história é muito parecida, mas se passou em um bar, onde também um segurança estava meio bêbedo, meio nervoso...

Nos dois casos, os criminosos eram agentes de segurança, contratados por pessoas que queriam se sentir seguras. Os assassinos foram treinados e armados, com as armas dos crimes.

Pena de morte. Prisão perpétua. A rota na rua. Gaiola de Faraday. Fim do celular. Helicópteros encouraçados etc. Parecem desnorteados. Fabricam-se canhões e clama-se por paz.

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