crônica do dia

 

Sexta-feira treze

13/8/2004

Foi-se tempo em que se dizia para nem mesmo pôr os pés fora da cama em dia de mau agouro como hoje, um 13 de agosto, sexta-feira. Mas tudo mudou e esta sexta-feira treze parece prometer coisas boas para todo mundo.

Afinal, tudo é circo, ainda que falte o pão. O picadeiro sem muralhas e se estende até onde é possível decifrar sinais invisíveis, inaudíveis, inodoros, impaupáveis e insípidos que nos rodeiam e recriam, para ouvidos e olhos, a pantomima universal.

Sei lá quantos países com bandeiras e hinos e pompas disputarão, como guris da escola de bairro, a melhor nota e olharão com desdém e sorriso que mal disfarça o orgulho, vizinhos que ficaram para atrás. Diz-se que o importante é competir mas, na hora da competição o que se quer é vencer.

Afinal, há milhões de anos se disputa, se luta, se conquista. Somos descendentes e herdeiros de vencedores. Os fracos e derrotados, como mostrou Darwin, não conseguem sequer deixar descendentes, passam pela vida como vestais...

Talvez por isso, e apesar das astronômicas cifras apregoadas como investimentos para garantir a vida e o entretenimento das pessoas presentes ao grande circo, o país que, depois de marcar todo o território do planeta com sua urina, como qualquer cão e rosnar e afiar garras e mostrar dentes e ambíguo fio de baba a escorrer, esse país plantou tropas e porta-aviões nas águas tão cantadas do Egeu, em sua pantomima de polícia unuversal.

Em outro vaso, mais formoso e luxuoso, reservado a princesas e reis, um ministro Zé Ninguém, antigo comunista, reza pela velha cartilha e espreme ao máximo o povo de seu remoto país do futuro "de cada um conforme suas possibilidades", até ver a ponta da língua, e "a cada um conforme suas necessidades", nececidades que ele, agora, descobre mais e mais, em luxos que jamais imaginou...

 

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