Silêncio incomum no bairro barulhento. O domingo segue ensolarado e silencioso. Aqui existe sempre um rumor de fundo: vem de motores de veículos e bombas d'água a transportar gente e manter cheios os reservatórios nos topos dos prédios. O progresso cerceia a amplidão, seja horizontal, seja vertical. Só a praia se espraia com seu mar imenso além do horizonte impreciso. De tempos em tempos, ouvem-se batidas ou o guincho estridente dos freios de um ônibus a fazer mentira o silêncio mencionado.

O domingo, véspera de inverno do sul - o próximo assinalará seu início -, segue, rumo ao meio-dia com evocações de verão, mas ao olho atento a estação é patente: o meio do dia não divide, como no poema de Valéry, com a equidade de uma perpendicular. Ao contrário, as sombras se alongam para o sul. O pátio interno formado pelos fundos de todos os prédios do quarteirão só recebe recebe umas nesgas de sol, mesmo às doze horas, correspondentes aos espaços exíguos entre uma edificação e outra.

O silêncio incomum do domingo se esvai no crescer dos ruídos de gentes e máquinas. Apesar da tranquilidade advinda daquele quase silêncio, ecoa em nós nossa própria agitação, nosso ruído particular misturado, agora, ao barulho habitual de Copacabana.

Vozes se elevam e denotam altercação; o trânsito ressurge com seus muitos sons e buzinas também mostram a irritação de condutores. Os ventos, mesmo indefinidos na direção, varreram a bruma a insinuar terras inexistentes além do horizonte e fizeram o céu mais azul. O sol arde na pele nua e a sensação de verão se acentua. A fotografia feita do satélite mostra larga faixa de nuvens indo para o sudeste do Brasil.

Talvez estejamos na zona quente precursora de frente fria, com 30°C, em junho, neste domingo envolto (por pouco tempo) em um silêncio incomum.

Mon, 15 Jun 2015 11:08:24 -0300

Querido,Clode.
Gosto de suas dicas sobre o eixo da terra,as datas de mudancas das estacoes e agora esta das sombras obliquas em relacao ao sul.E bom direcionar a atencao a estes movimentos.Aprendo com voce.
E que venha o inverno!
Grande abraco
Cecilia

Obrigado.
Observe, o sol está agora em sua posição mais ao norte no céu. Durante todo o ano ele "traça" um arco, de leste a oeste, que vai da posição do próximo domingo, 21, a do dia 22 de dezembro, quando cai perpendicular ao trópico de Capricórnio (agora, está perpendicular ao de Câncer). O lugar do nascer e do pôr do sol também se desloca no horizonte, é óbvio, para um lado e para outro do Leste e do Oeste...
A diferença entre hoje e o dia 21 é mínima, difícil de perceber.
Ele virá e eu irei na semana que vem.

Mon, 15 Jun 2015 11:12:52 -0300

"Silencio cada vez mais incomum."
Também sinto falta dele quando estou na cidade.
Aqui na roça, nos passeios pelas montanhas ,ele até assobia. Pode?
Viva a roça! bj

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Viva a roça!
Desenhando com as palavras com a mesma categoria!
Bons assobios por aí.

Mon, 15 Jun 2015 11:06:35 -0700 (PDT)

copacabana nao tem mais jeito
o seu defeito eh ter beleza e esnobar
............ eh sem preconceito
mas nao tem direito de me maltratar

zoeira de ensurdecer
poluicao de matar
desde o amanhecer
ath dps do jantar

de madrugada entao
nem se fala
fico na calcada
pra te ver passar

Nao lembro tudo
o Alexandre escreveu uma peca pra crianca, o Magico de Oz em Copacabana
ha quase 40 anos atras. O irmao dele, Eduardo, musico, fez essa musica pra trilha sonora da peca
vc me fez lembrar isso tudo ....

      sem assinatura

Que bom, já valeu.

Tue, 16 Jun 2015 09:21:29 -0300

"Meu primeiro desenho" by Anucha? é qual? esse que já conheço, porém, talvez,
com + alguns traços?

Menino... Não as leio todas,(suas crônicas) na medida que chegam.
Muito bom, muito bom lê-las.

Todo o dia, procuro fazer tudo igual, tudo sempre igual, pra não me perder.
Pra reservar alguma transgressão. Não no "todo o dia".
Todo o dia, por alguma instituição sou estuprada:
pela VIVO, pelo BANCO, pelo CONDOMÍNIO, pela RUA, pelas NOTÍCIAS.
Aí pronto. Só quero recomeçar, no próximo dia. O todo o dia.

Invejo sim, a rotina de minha Saskia gata. Ela faz sim, tudo sempre igual.
Nem sempre. Me acorda ás 6 horas da manhã, ronronando e lambendo meu
nariz, como dizendo: "Estamos vivas ... ação!!!"
No meio da manhã, busca bolinhas de alumínio amassadas, e me convida
para a brincadeira, matinal (também noturna).TrAZ (TRÁS DE TRAZER) ela, no focinho, a bolinha. Despeja ela do focinho,
a bolinha. Me observa.
Não me canso de ver a elegância de minha Saskia gata.
Elegância (equilíbrio) ao comer, elegância ao se deitar, elegância ao se aninhar entre
minhas coxas, elegância ao me lamber o nariz, elegância ao pular, elegância ao correr,
elegância ao defecar, elegância ao fugir do "perigo", elegância ao simplesmente ser.
Elegância ao aceitar sua condição de" gatanimal".

Não tenho + essa elegância. Nunca tive.

Ignoro qual é o desenho que você já conhece.
O título mencionado é do desenho que encima a crônica enviada.
Não sei o que seria "+ alguns traços" - onde? que traços?