desenho de MIMA no fim cada mania acha seu louco

Tarde chuvosa e escura

09/11/12

A tarde desta sexta-feira, nove de novembro, por aqui, é chuvosa e escura. Esta qualidade, a escuridão sob céu encoberto, mas não acinzentado, é conspícua. A psique parece mais precisa que instrumentos para a perceber.

Peguei um velho fotômetro "Weston Master V", com célula fotovoltaica de selênio, e fiz uma leitura de luz incidente apontando-o para a parte mais luminosa do céu. Obtive oito e meio na escala do aparelho, o que corresponde a um valor de exposição de praticamente 10, no "Zone System" de Ansel Adams ou a uma exposição, com um filme de sensibilidade à luz igual a 100 ASA ou 21 DIN, nas escalas norte-americana ou alemã, uma exposição, dizia, de um sessenta avos de segundo com diafragma 4, ou seja, com um diâmetro efetivo de um quarto da distância focal da objetiva usada. Outras combinações de abertura e tempo de exposição incluiriam um segundo com diafragma 32 e um milésimo de segundo com uma abertura igual à distância focal da objetiva usada, ou diafragma um (muito raro!).

Toda esta complicação e as regulagens dela decorrentes são facilmente resolvidas por algum circuito eletrônico minúsculo nas atuais máquinas de retrato. Além de livrar-nos dos cálculos e ponderações sobre as influências de muitos fatores no resultado final, que mesmo nas Polaroids só poderíamos ver algum tempo depois, a fotografia eletrônica nos mostra o resultado final antes do clique e o equipamento reduziu-se ao tamanho de um cartão de visitas.

O chuvisco rega lá fora. Plantas reluzem após saciar a sede. Pios lembram não terem os passarinhos guarda-chuva. Um gato mia para puxar conversa. As máquinas de retrato miniaturizadas podem se esconder em armações de óculos, em canetas ou onde se queira. Metidas nos computadores e semelhantes, tornaram-se máquinas de autorretrato, uma elegia ao ego.

November 9, 2012 5:04:14 PM GMT-02:00

Está chateado com o tempo, hein? Achei que a conclusão do parágrafo com tantas explicações de fotometria seria alguma coisa que porvasse o quanto o dia está escuro e como isso é terrível etc.

Era a ideia, é óbvio, mas o texto me distraiu e e acabei me perdendo nos atalhos. A exaltação ao ego da nova Fotografia luziu mais forte no final.


November 9, 2012 5:47:20 PM GMT-02:00

Bela aula de exposição. Sigo trabalhando com as câmeras digitais como se fossem as foto-químicas: tudo no manual. Senão, qual é a graça? Deixar para um circuito eletrônico a terrível responsabilidade de preservar aquele detalhe na alta, sem perder aquele outro na baixa? Por aqui vou...

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Abração

Ebert

Belíssimas imagens! O amigo continua a se superar, grande fotógrafo que sempre foi. Parabéns e obrigado.


November 14, 2012 4:49:20 PM GMT-02:00

     Adorei ouvir... "máquina de retrato"...

          Só você mesmo, meu irmão... no porão da Sorocaba.

          bjo

'Máquina de retrato' é até título do terceiro capítulo de 'O que é Fotografia'. Adoro esta denominação pois, mais do que paisagens, objetos etc., a Fotografia surpreendeu por fazer retratos com muito mais fidelidade do que os pintores, sem clemência para a idade, a feiura e, também a perfeição e a beleza. Nossa relação com o rosto humano (e dos primatas em geral e mesmo de cães e gatos) sempre me fascinou. O pouco que assisto de televisão é, quase sempre, sem som. Não tento fazer leitura labial, mas decifrar pelo que os rostos nos contam. Viva o retrato, a máquina de retrato!

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