Traduttore traditore

16/12/16

Do português para o inglês, deste para o espanhol e da língua de Cervantes para a de Cícero. Depois seguiram-se o francês, o sueco, o italiano e de volta ao inglês e deste para o português.

A frase curta e banal não resistiu: "outra tentativa para testar alguns ciclos no tradutor automático todo-poderoso". Após percorrer sete idiomas voltou-me: "Mas no Paquistão para tentar lançar um intérprete quase todas as tentativas".

O Paquistão surgiu na passagem do latim para o francês. Aos incrédulos ofereço a frase latina (fruto de tradução do espanhol) capaz de "gerar" um Paquistão nas traduções subsequentes da frase original: "Sed in dui cursus experiri paucis conatus Omnipotentis interpres".

O ponto de partida foi uma matéria do New York Times comentando os grandes progressos feitos pelo "Translate", do Google e apontando neles um caminho para a inteligência artificial.

Como é natural, corri ao famoso tradutor em busca de comprovação e me cai aquele país, do nada, no meio de uma frase sem nexo como resultado de apenas oito sucessivas traduções, todas entre línguas usuárias dos mesmos caracteres. As línguas escritas com caracteres cirílicos foram evitadas por esta razão.

Voltei ao aplicativo cheio de inteligência artificial com um célebre título, desta vez em inglês, para uma rodada de traduções: "On the origin of species by means of natural selection, or the preservation of favoured races in the struggle for life".

Daí ao português e deste através de uma meia-dúzia de idiomas voltou-me a tradução repleta daquela "inteligência": "cheio de luta pela vida, continue lendo a Origem das Espécies por Meio da Natural ou"...

Lembrei-me, então, de ouvir "inteligência artificial" pela primeira vez, em uma conversa de adultos e do meu espanto e incredulidade face a um conceito, para mim então, absurdo...

Fri, 16 Dec 2016 17:33:57 -0200

Muito legal!
É essa loucura mesmo...
Bjs
Ana
P. S. Lembrei de traduções da Agatha Christie em uma coleção editada pela Record. Talvez já tenha te contado esta: o texto traduzido dizia que o conde ou visconde (sei lá do quê) tinha morrido sem herdeiros e que a herança tinha ficado para o Sr. Crown. No contexto do livro, ficava óbvio que a herança tinha ficado para a Coroa...

Quem fez este teste primeiro foi o Millôr Fernandes, lembro bem, vi há muitos anos em uma de suas colunas.

Um amigo médico, no tempo da enfoco contou-me de uma tradução falando de um dinossauro de duzentas patas... e era, é óbvio, 200 feet.

Existem mais absurdos como esses, mas já esqueci.


Fri, 16 Dec 2016 22:27:09 -0200

M A R A V I L H O S O ! ! ! ! ! me estabaquei de rir!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

a melhor foi a do Paquistão que veio do nada - digo, do paucis, deve ser.

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Obrigado.

Acabo de ouvir no rádio que dentro de dez anos algum conselho de administração de alguma empresa terá como membro uma "inteligência artificial"...

Sabe-se lá como agirão, então, os "Paquistões"...


Sun, 18 Dec 2016 14:06:17 -0200

Uma curiosidade de quem ha muitos anos fez aula de mandarim: existe a familiaridade de traducoes literais entre "de lascar" e uma "frase" em ideogramas compostos e mandar com o mesmo significado em chines mandarim (não esquecendo que uma escrita oficial da união do império chines de dois mil anos de idade). Além do fato que as pessoas que falam as quatrocentas linguas da China atual se comunicam em bilhetes.

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Obrigado pela informação.
A cultura do extremo oriente me é muito difícil alcançar. Respeito, admiro, mas sou absolutamente ignorante sobre costumes, idiomas e história daqueles povos.
Tenho fascínio pelo ser humano e encantam-me a culinária japonesa, o mistério dos rituais chineses etc., mas sinto-me muito distante daquelas pessoas...


Wed, 21 Dec 2016 18:16:35 -0800 (PST)

adorei!!!
eu q jah gosto de uma traducao ...

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e o tradutor traduziu: "I loved it !!!
I like to have a translation"


Fri, 23 Dec 2016 15:51:21 -0200

Que deliciosa saída nesse embaralhamento de tantas possibilidades em busca de uma solução definitiva da tal palavra final... como se ela, enfim, existisse, né?
bjo, manû véio (como eu... mas menos culto, claro...)

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Que bobagem, manonovo!
Quem quer ser o mais culto? Eu é que não.


Fri, 6 Jan 2017 22:49:35 -0200

xiiii... acho que vou ter de pedir um professor (você, de preferência) pra explicar tudo mais do que direitinho. Mas antes... vou tentar mais uma vez pra ver se percebo alguma coisa. Sou de uma outra época. Uma sub raça, digamos...

bjos

... e uma boa noite...

aqui 15 pras 11 da noite...

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Não se amofine.
Não tem nada importante.

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