'Meu primeiro desenho' by  Anucha [1991]

Um quarto de século

08/12/14

O tempo é a grandeza ou dimensão física mais impalpável, mais difícil de definir e que traz consigo mais incertezas. A irreversibilidade do tempo levou Julio Verne, o cartunista V. T. Hamlin (criador do Brucutu) e inúmeros outros a inventarem suas máquinas do tempo para fazer seus personagens viajar livremente ao passado ou ao futuro, sempre ancorados num presente seguro e imutável, existente apenas no mundo da ficção.

da wikipedia
Brucutu aparece na máquina do tempo do Dr. Papanatas

O tempo corre na velocidade de cada psique. Sua relatividade é ainda maior nas dimensões dos humores humanos. O breve pode parecer interminável, fazendo de um momento fugaz, uma fração ínfima de nossas unidades de medida do tempo, uma eternidade ou, ao contrário, o interminável se assemelhar a um breve instante. Um século - é muito ou pouco tempo? Ora nos parece um tempo enorme, ora soa como um piscar de olhos. Nosso tempo psicológico não se mede pelo Big Ben.

Ontem, pelos registros oficiais, completou-se um quarto de século da morte do Rafael. Vinte e cinco anos! Ele não viveu tanto tempo, tinha apenas 22 e meio quando sofreu o acidente. O número me espanta - um quarto de século! - mas esse espanto é reação condicionada. Sou incapaz de dizer se é muito ou pouco tempo.

A memória se tece de informações do passado, do acumulo de fatos e fantasias. Assim se pinta a paisagem de nossos egos. Assim se erige a fortaleza de nossa razão e se fortifica a individualidade, o orgulho, o amor-próprio, a auto-estima, em uma palavra o egoísmo. O núcleo que sustenta o indivíduo e busca lhe dar destaque, importância vem dessas informações acumuladas na memória, misto de fatos e de imaginação, pensamento se projetando como realidade.

Talvez por desconhecimento de nós mesmo emprestamos vida aos mortos, mas eles não existem mais. Morrer é o último ato de viver, totalmente imprevisível.

Mon, 8 Dec 2014 13:14:11 -0200

bj,Clode.

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Merci.


Mon, 8 Dec 2014 08:56:34 -0800

(remetente proíbe publicação da carta)

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Wed, 10 Dec 2014 09:05:18 -0200

Muito tempo... Te amo pai.
Bjos

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Beijo.


Wed, 10 Dec 2014 09:51:22 -0200

O tempo não para no porto,não apita na curva,não espera ninguem e a gente ficou de mãos cheias de coisas que não valem mais.

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Pois é, tanta tralha acumulada...


Wed, 10 Dec 2014 19:39:32 -0200

Que texto admirável, mermão...
Mais uma vez.
Emocionante mesmo.
E ainda mais com a lembrança do Rafael... sim, 25 anos.
O absurdo nunca termina. Nem vai terminar, nesta sua vida
de tantas surpresas & sustos.
Bravo meu irmão...
Que coisa a vida lhe reservou, hein?...
Como se posse possível reservar seja lá o que for.

Uma boa noite carioca por ai...

Boas caminhadas por ai, céu, areia, vento, praia. mocinhas ou nem mocinhas.

beijinho

segundão aqui.

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Grato por sua generosidade.
Não, sempre será absurdo morrer antes do pai.
Acho que o fascínio pela beleza da vida. Apesar de tudo sou fascinado por ela, a vida. Seja a daquelas formiguinhas minúsculas que abundam por aqui, seja a desse bicho que não se conhece e capaz de tanta barbaridade. A vida é fascinante!
Obrigado. Outra noite de céu de poucas nuvens e expectativa de uma lua meio cheia e Órion e Sírius sobre nossas cabeças.
Aproveite a refrescada que chuva deixou por aí.


Tue, 16 Dec 2014 22:21:47 -0200

bonito. 25 anos que o Rafa morreu? Não me dei conta. Nem lembrava da data, 7 de dezembro? O tempo voa, a saudade não.
Brilhante a frase: "morrer é o último ato de viver".

Beijos

Com o tempo, também nossa perspectiva muda e um século não parece mais o mesmo intervalo da juventude.
O dia sete está na certidão de óbito. Eu não sei usando nem como. Quem sabe?

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