de esporadicidade imprevisível

Uma faceta nova

07/02/18

Chegou uma mensagem de poucas palavras, com um rodapé a informar se originar em um telefone celular da marca tal, pedindo informações sobre uma ex-aluna da enfoco. Dizia apenas "Como eu poderia confirmar se uma aluna esteve com vcs", assim, como afirmação e não pergunta, pela ausência de pontuação. Assinava um nome feminino.

Trocamos, em seguida, novas mensagens. Fiquei sabendo que a aluna — sim, fora aluna da enfoco! - teria sido madrinha de casamento da mãe da consulente e agora queriam saber se seria mesmo uma casada com fulano de tal, advogado. Chegamos ao ponto a sublinhar: dos alunos da enfoco, ficaram somente o nome (de alguns apenas o apelido!), o ano em que fez o curso e o endereço.

Não éramos burocratas, apesar do bureau da secretária e mais dois na sala da diretoria. Não perguntávamos o estado civil, a idade, nenhum número de documento e nem mesmo o telefone era anotado. Ignorávamos por completo até mesmo se a tal aluna já era casada quando frequentou a enfoco. Não foi possível ajudar a mãe da missivista.

Hoje — e este ano a fundação da enfoco completará meio século —, garimpam-se dados por todos os meios, abastecem-se bancos de dados colossais e são mínimos os escrúpulos quanto a subtrair informações sobre indivíduos, obter detalhes tão caros aos burocratas. Vem-me de pronto a cena de Otto e Mezzo com a explicação: "é o regulamento e o regulamento é o regulamento."

A ausência de uma estrutura articulada do ponto de vista administrativo, de planejamento financeiro, de fichários e arquivos recheados com informações, de toda complexidade organizacional de uma verdadeira empresa, surge-me, agora, como uma das causas prováveis do sucesso da Escola. Nunca atentara a este aspecto. O pedido de informações sobre o marido advogado de uma ex-aluna destacou esta faceta.


do Houaiss:
bureau Língua: francês Pronúncia: by'Ro

• substantivo masculino
1 Rubrica: mobiliário.
mesa de escrever com gavetas; secretária, escrivaninha, papeleira  volta

Wed, 7 Feb 2018 16:16:22 -0200

ah, que boa crônica, ah, que bons tempos estes sem dados cadastrais detalhados pra cada coisa que se faz!!!! ah, que bom ver e rever 8 ½!!!!!!!

      sem assinatura

Obrigado. Pois é, até para entrar em um prédio comercial é preciso crachá e fotografia! Um absurdo. Foi-se o tempo do fio de barba... Esvai-se, também, o tempo de Otto e Mezzo. Envelhecemos...

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