Muito se comparou a Fotografia e a Pintura na segunda metade do século IXX. Recém inventada, a fotografia surgia, como sempre ocorre, como uma ameaça à Pintura e aos pintores. Teme-se o desaparecimento das artes existentes pela substituição, mas o Teatro, o Cinema, o Rádio, a Televisão, todos sobreviveram às novas linguagens e com a Pintura não foi diferente, a arte moderna, o Cubismo e tantos outros ismos só vieram depois da fotografia.

Todo este preâmbulo apenas como pretexto para mostrar uma imagem, uma fotografia. Ela me cativou justamente por evocar uma pintura, por sua qualidade pictórica vinda da natureza da luz, do enquadramento singular, dos troncos esculpidos com capricho e, vários, rodeados por cones de terra, da terra moldada por raízes retorcidas em solo árido, despido de vegetação, da leve bruma a acentuar a perspectiva, para não mencionar as poses inusitadas dos protagonistas.

Fotografia de Marit van Meekeren

Não encontrei outras imagens da autora - sim, a fotografa é holandesa, Marit van Meekeren. Vi esta fotografia pela primeira vez na página pública do Frans de Waal no Facebook. Ao lado, a imagem é comparada a uma cena bíblica e, entre os comentários dos espectadores, muitos aludiam a seu caráter de pintura, embora pelo menos um visse ali artes do Photoshop. Depois, a reencontrei com o mesmo texto no The Guardian, jornal online inglês.

Hoje, a Fotografia se tornou algo tão distante daqueles primeiros daguerreótipos, banalizada pela superabundância de imagens, pelos "selfies" a sublinharem todo nosso egocentrismo, pelo radical barateamento do processo e consequente universalização que, diante de uma imagem "semelhante a uma cena bíblica" e tão especial como esta paramos e... para nosso próprio espanto descobrimos, após algum tempo de convivência, que ela não nos parece mais tão especial. Foi-se o encanto do primeiro momento.

Wed, 19 Aug 2015 09:33:30 -0700 (PDT)

linda imagem, e o texto a altura, lindo tbm
bjs

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Obrigado.

Wed, 19 Aug 2015 22:40:48 -0300

Oi Clode,

Adoro fotos hiperrealistas. Principalmente as do Gregory Crewdson
Vi a expo dele aqui no MIS e fiquei de queixo caído. Conhece?


Abração

Ebert

Oi, Ebert,

Não, não conhecia. Pena que só consegui ver duas imagens pois o "slide show" do link não funcionou.
(Cada dia me torno mais impaciente com computadores...)
Ainda assim gostei muito do que vi. Obrigado.

Wed, 26 Aug 2015 11:46:04 -0300

Pra mim, teve encanto, talvez porque tenha sido a primeira vez que vi esta foto. Também achei que tinha photoshop, mas por causa dos animais, que não imaginava juntos, na mesma cena. leão e elefante, aliás, elefante bem pequeno, e elefante sozinho pequeno, que, imagino, seja incomum.
Será que imagens fotográficas especiais como esta se banalizaram mesmo?
Abaixo, correções: Teme-se o desaparecimentoS artes existentes pela substituição, mas o Teatro, o Cinema, o Rádio, a Televisão, todos sobreviveram às novas linguagens e com a Pintura não foi diferente, A arte moderna

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Será? Temo o desaparecimento de muitas coisas etc. - creio que o "desaparecimento" continua no singular, não?
Quis o acaso que só hoje você comentasse esta foto, pois hoje recebi a indicação de um artigo que, embora longo, recomendo: http://time.com/4003527/future-of-photography/ a nossa visão do que seja fotografia muito mudou e deve mudar muito mais.