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Zunzum

06/02/15

Saiu notícia da escolha de fulano de tal para presidir a Petrobrás, em substituição a Graça, por fim, caída em desgraça. A notícia dá como certo o tal fulano, mas avisa se tratar, por enquanto, de mero boato. O jornalismo está assim, enfatiza como notícia e ressalva ser apenas boato. Diriam: já não se faz notícia como antigamente. Hoje, predominam comentaristas, intérpretes dos fatos e se prioriza o palpite, a opinião, o achar isso ou aquilo, o juízo, o parecer. Os acontecimentos passam a ser quase secundários, no contexto dos atuais noticiários, em busca de convencer e emocionar. Não me espantaria descobrir já contarem, na preparação de notícias, com roteiristas e outros especialistas em novelas e programas de ficção.

Muitos comentam, então, ser o fulano indicado integrante antigo da velha camarilha e portador de longo rol de acusações à guisa de currículo. Pondera-se sobre seu desconhecimento completo dos assuntos da mega-empresa a presidir bem como de pessoas ligadas àquele ramo. Relata-se sua carreira meteórica, galgada graças a boas relações políticas e partidárias. Esmiúçam-se casos antigos de suas complicações com dinheiros alheios e dinheiros mantidos sob a enxerga. Se opina, julga e sentencia quem, por enquanto, é apenas boato, ainda que a soprar forte sobre esse mundo da especulação chamado de mercado financeiro.

Poderiam dizer: a história se repete, mas usar a palavra como entretenimento é vício corriqueiro e nos ocupa todos os dias. A mesma dificuldade em ver com clareza o que é, a realidade, sem interferência de nossa opinião, de nossos desejos, de nosso julgamento, nas banalidades do dia-a-dia se amplifica na maneira como são tratadas as notícias, no jornalismo atual e nos filmes chamados de documentários contemporâneos. Usamos fatos para atender a interesses pessoais.

Date: Fri, 6 Feb 2015 14:26:19 -0200

"Usamos fatos para atender a interesses pessoais"
Gostei muito! bj

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Pois é, quando conseguimos olhar simplesmente vemos melhor como somos.


Fri, 6 Feb 2015 14:29:14 -0200

sugiro substituir uma dessas duas palavras, pra evitar o cacófato: meteórica, galgada.
Você escreve bem, hein?
Você tá sentindo falta daquela tal "imparcialidade da imprensa"?
Vi um documentário muito bom domingo, não o achei tendencioso nem opinativo: Cássia Eller, chama.

      sem assinatura

Obrigado pela sugestão. Vou deixar, ca-gal não me incomoda, ainda mais separadas por uma vírgula. Eu? Tem até cacófato, que mais queres? Sinto falta maior de perfeita isenção em meu olhar...
Existem, é claro, excelentes documentários, mas lembrei-me de alguns próximos do Oscar, quase catequéticos.


Thu, 12 Feb 2015 20:29:19 -0200

Bem vindo ao clube, Mermão...

Sim, é exatamente isso.

E faz tempo.

E não vai mudar.

Mas vai piorar, garanto.

E já estamos acostumados com isso, o planeta em que vivemos.

boa noite ai....

      sem assinatura

Pois é, piorando, piorando, piorando... estranho bicho esse homo sapiens!

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