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A bomba16/06/05Não sou de contar piadas, além do mais nem é uma piada. Ouvi por telefone e como a história é boa demais para não ser recontada, tento repeti-la, apesar do risco de toda macaqueação. Ao mesmo tempo, é uma história boba demais. Efêmera, órfã, viúva e solteira - tudo que se queira. A rigor, não passa de uma sentença - lapidar, definiu quem ma contou. Porém, ela, a frase, só sobrevive em seu contexto próprio, o que obriga a historinha. Ei-la, pois, com bois e vacas sem nome para resguardar a privacidade de cada um. Na escola de arte a professora propôs um trabalho: "a ação do esculpir" - Arte Conceitual. Um discípulo logo ofereceu proposta: sua participação na Parada Gay, documentada, como trabalho. A idéia foi recusada. Não captava a ação do esculpir, como queria a mestra. Ele teve que pensar em outra coisa, mas um colega, que já não ia muito com aquilo tudo no geral e com aquela professora em particular, começou lá a célebre conversa com a botoeira e na aula seguinte apresentou sua proposta. Faria uma pequena bomba, cujo funcionamento explicou: colocaria gelo seco e água em uma garrafa de vidro bem fechada; na água, poria bastante pigmento e, por fim, todo o conjunto sobre um "suporte" de papel... E concluiu: ao explodir, a garrafa espalharia; seu conteúdo e os cacos da garrafa, que mancharão e marcarão o papel... Serão como pinceladas feitas pela explosão, um registro da ação do esculpir... A professora ouvia com interesse. Ao final, comentou: pinceladas, não, seria uma espécie de bombotipia... Rápido, o aluno lascou: - Essa coisa pincelística será o resultado da bombotipia. Quando contei a história para aquela sábia senhora, ela observou: no meu tempo, meu filho, era exatamente o contrário, a bombotipia é que se seguia, como resultado da coisa pincelística... e deixou seu olhar se perder em tempos que não se vêem mais. |
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