A Pedra do Reino
14/06/16
"A Pedra do Reino" - um título, um autor, um grosso livro e uma tumultuada história existente apenas nas circunvoluções de um único cérebro. Ah, quanto pode complicar tudo a psique humana! Que o digam Freud e seus seguidores no cotidiano embate com razão e emoção alheias. A fantasia pode transformar o trivial em assombrações e bizarrias. O pensar deleita-se no cogitar, teorizar, forjar axiomas e plasmar mundos virtuais. Onde antes existia uma feira de bugigangas, na boca do metrô, vi, em um pequeno tabuleiro com livros enfileirados qual numa estante, por estar na ponta, "A Pedra do Reino", obra-prima de Ariano Suassuna. Tal vislumbre desencadeou associações e lembranças a culminarem com a procura do vendedor, pois a banca estava "abandonada", quem sabe por causa do dia frio. Próximo, na banca vizinha, em cadeiras de praia, dois homens conversavam e me viram olhar mas continuaram - não, os livros não eram deles. Aí se abriu a porta de um fusca de onde saiu uma mulher bem agasalhada e muito magra. Perguntei-lhe com um gesto se era dona da banca. Ela assentiu enquanto caminhava em minha direção. "A senhora faz por vinte" - perguntei (na capa uma etiqueta: "25"). "Faço", respondeu sem titubear. Dei-lhe o dinheiro. Quer uma sacola, perguntou. Disse que não, mas olhei o livro o achei meio sujo e aceitei. Avizinha-se já o fim de nosso espaço e nem comecei a contar as histórias por trás desta obra, o fundo desencadeador das tais associações e recordações, desde a década de setenta! Isto, sem mencionar a conversação ali entabulada, ao pé da pequena banca de livros usados, quando por algum tempo a senhora paulistana, nascida no Largo Treze, em Santo Amaro, contou-me das origens daquele negócio, o sebo seu e de seu marido. A única solução seria continuar num próximo capítulo... |
Tue, 14 Jun 2016 17:25:31 -0300 Clode, sem assinatura Que boa escolha a sua, sem dúvida. Tue, 14 Jun 2016 19:48:13 -0300 Que bela história do reencontro com sem assinatura Eu também abandonei pela metade! Sou useiro e vezeiro em fazer isto (e não só com livros, com filmes, quantas vezes saí no meio da sessão!) Depois, pensei em continuar e o livro desaparecera lá de casa. Daí começou a saga: um belo dia encontrei-o em outra banca de camelô, diante do Belas Artes, em São Paulo. Perguntei o preço e achei caro, disse que "ia pensar". Dias depois voltei, pois o livro estava esgotado nas livrarias e já tinham vendido... Sun, 26 Jun 2016 23:48:16 -0300 e continuou? só li hoje. você me leva pra cena descrita, tamanha a precisão, concisão. sem assinatura Achei que sim nas respostas à correspondência... |
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