foto de 110 de junho de 2015

A Pedra do Reino

14/06/16

"A Pedra do Reino" - um título, um autor, um grosso livro e uma tumultuada história existente apenas nas circunvoluções de um único cérebro. Ah, quanto pode complicar tudo a psique humana! Que o digam Freud e seus seguidores no cotidiano embate com razão e emoção alheias. A fantasia pode transformar o trivial em assombrações e bizarrias. O pensar deleita-se no cogitar, teorizar, forjar axiomas e plasmar mundos virtuais.

Onde antes existia uma feira de bugigangas, na boca do metrô, vi, em um pequeno tabuleiro com livros enfileirados qual numa estante, por estar na ponta, "A Pedra do Reino", obra-prima de Ariano Suassuna. Tal vislumbre desencadeou associações e lembranças a culminarem com a procura do vendedor, pois a banca estava "abandonada", quem sabe por causa do dia frio.

Próximo, na banca vizinha, em cadeiras de praia, dois homens conversavam e me viram olhar mas continuaram - não, os livros não eram deles. Aí se abriu a porta de um fusca de onde saiu uma mulher bem agasalhada e muito magra. Perguntei-lhe com um gesto se era dona da banca. Ela assentiu enquanto caminhava em minha direção. "A senhora faz por vinte" - perguntei (na capa uma etiqueta: "25"). "Faço", respondeu sem titubear. Dei-lhe o dinheiro. Quer uma sacola, perguntou. Disse que não, mas olhei o livro o achei meio sujo e aceitei.

Avizinha-se já o fim de nosso espaço e nem comecei a contar as histórias por trás desta obra, o fundo desencadeador das tais associações e recordações, desde a década de setenta! Isto, sem mencionar a conversação ali entabulada, ao pé da pequena banca de livros usados, quando por algum tempo a senhora paulistana, nascida no Largo Treze, em Santo Amaro, contou-me das origens daquele negócio, o sebo seu e de seu marido.

A única solução seria continuar num próximo capítulo...

Tue, 14 Jun 2016 17:25:31 -0300

Clode,
Estive no ano retrasado na Paraíba, perambulando pela região do Ariano em Campina Grande e lajedo do Pai Mateus, um lugar lindo.
Escolhi a região para me recuperar de um colapso nervoso, (que hoje chama de síndrome do pânico) depois fiquei uma semana na praia em Joao Pessoa, acho que fiz uma boa escolha.
No ano passado fui ao Serido pelo Rio Grande do Norte, outro lugar incrível; visitei um açude em vias de desaparecimento , o Acari, e pudemos ver sítios de pintura rupestre inacreditáveis, antigos como a pedra do Inga na Paraíba;
O homem começou escolhendo bem a paisagem e a Niede Gidon prova que foi por aqui. O Ariano sabe das coisas
bjs

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Que boa escolha a sua, sem dúvida.

Em meados dos anos oitenta estive com Ariano, em sua casa, um encontro intermediado por outra ex-aluna, a Ana Helena.

Ele é uma pessoa absolutamente fascinante. Foi um longo encontro. com direito a visitar sua pedras pintadas por ele com desenhos meio rupestres, como algumas ilustrações de sua obra escrita.

Todavia, não fui ao sertão, apenas ouvi histórias de sua fazenda de criação de cabras, nos confins de Pernambuco e outras de seus antepassados metidos nas disputas políticas locais...

Espero que seus males tenham ficado por lá, nas caatingas.


Tue, 14 Jun 2016 19:48:13 -0300

Que bela história do reencontro com
de um belo livro... Que, evidentemente,
nunca li até até o fim. Ou melhor: comecei,
me encantei e... esqueci pouco depois.
Mas será haverá histórias demais pra
ouvir e reouvir... Como dessa vez, claro.6

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Eu também abandonei pela metade! Sou useiro e vezeiro em fazer isto (e não só com livros, com filmes, quantas vezes saí no meio da sessão!) Depois, pensei em continuar e o livro desaparecera lá de casa. Daí começou a saga: um belo dia encontrei-o em outra banca de camelô, diante do Belas Artes, em São Paulo. Perguntei o preço e achei caro, disse que "ia pensar". Dias depois voltei, pois o livro estava esgotado nas livrarias e já tinham vendido...
Agora , passados mais de quarenta anos, vou ler do começo, é óbvio.


Sun, 26 Jun 2016 23:48:16 -0300

e continuou? só li hoje. você me leva pra cena descrita, tamanha a precisão, concisão.
Preciso reler A Pedra do Reino, li o seu emprestado, não entendi patavina, eu era adolescente.
A propósito: "traz" é do verbo trazer. A preposição "trás" se escreve com "s" e, acho, acento
"por traz desta obra"

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Achei que sim nas respostas à correspondência...
Tem toda razão.
Obrigado.
É a segunda vez que cometo este erro...

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