de esporadicidade imprevisível

À maçã

17/12/18

Querida Apple, pena que você não exista e eu não lhe possa escrever uma longa missiva. O Harari provou, em Homo Deus - Uma Breve História do Amanhã, a inexistência da Peugeot com argumentos extensivos a maçãs, verdes ou putrefatas, de realidade palpável ou virtual, mordidas ou não. Ressalte-se, todavia, o lado bom desta impossibilidade, ó maçã apodrecida! - pois minha carta estaria repleta de imprecações e o adjetivo mais brando para si reservado seria maldita ou viperina ou diabólica ou vigarista ou facínora ou execrável ou abominável e tudo isto para evitar o emprego de jargão blasfematório e de linguajar de baixo calão.

Eis, passados mais de 20 anos, o sentido, enfim, do "Meu Computador"! Muito brinquei com o ícone assim denominado dos primeiros Windows, por parecer-me, a declaração de posse, implícita no pronome possessivo, proferida pelo próprio Bill Gates e, agora - adivinhe - o meu efetivo computador passou a ser uma versão do Windows XP, instalado na VirtualBox, da Oracle (uma interface para rodar um sistema operacional dentro de outro), na amaldiçoada versão Mojave do sistema operacional da Maçã.

Agora, que o cruel computador mojaviano deixou de substituir as substituições especificadas adrede para serem substituídas, nas preferências do sistema e que antes funcionavam perfeitamente. Pior, agora, que sumiram todas as anotações de senhas, números e outros dados relevantes, feitas no Notes, um aplicativo do sistema operacional da maçã apodrecida que, aliás, sempre me pareceu muito suspeito. Como estes, multiplicam-se os absurdos e não funcionamentos do que antes cumpria-se com rapidez e eficiência.

Assim, louvemos a inexistência da Apple e volvamos nossos olhares para o periélio iminente, marco astronômico a provocar celebrações. "A vida é bela, nós é que empeteca ela."

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