Ætiv Mulucirruc
17/01/19
Com quinze anos, inexistia para mim futuro: eu era. Portanto não cabia cogitar sobre o vir a ser. A juventude percebe-se eterna. A morte é para os demais. O jovem não morrerá, cada poro explode cheio de energia e impõe viver, onde se insere o imperativo da reprodução. Assim, não escolhi dedicar-me às Artes Plásticas e fui parar na Escola Nacional de Belas Artes por decisões adultas e não, minhas. Passei no vestibular e deslumbrei-me com a vida universitária. Vinha de um Colégio tipo clube do Bolinha, onde menina não entrava (e, acredito, ainda não entra, em pleno terceiro milênio!): o Colégio de São Bento. A experiência da Araújo Porto-Alegre — a rua onde ficava a Belas Artes, ao lado do Municipal, da Biblioteca Nacional, a dois passos do Conservatório, do Ministério da Educação e no prédio do Museu Nacional de Belas Artes — foi muito enriquecedora, salvo no estrito aperfeiçoamento da mestria com pincéis ou cinzéis.
Duas namoradas e um punhado de amigos depois, abandonei as enfadonhas aulas de Anatomia, de Desenho Livre e Geométrico, de História da Arte e Modelagem e somei, ao rebelde do Colégio monástico, aspectos impossíveis de desenvolver entre aquelas batinas. Continuei, contudo, a cursar o Científico à noite, no Colégio Pedro II, na esquina da rua Camerino com a Avenida Marechal Floriano, defronte a avenida Passos, para aonde me transferira em função da Belas Artes.
O estudo noturno, em turma onde quase todos os colegas eram adultos que trabalhavam durante o dia, trouxe um terceiro lado da realidade — a visão dos monges, o primeiro, a intensidade juvenil da Universidade o segundo, e com o Pedro II veio o lado cru dos mais maltratados pela vida. Não sei se continuarei, mas comecei como um curriculum vitæ pelo avesso, com destaque a aspectos ignorados nos currículos convencionais. |
Mon, 21 Jan 2019 20:10:30 -0200 Salve salve, Mermão... Mas uma vez vejo você passeando no passado. Nada contra. Afinal também andei por aquelas paisagens, e outras andanças pela cidade do nosso querido Rio de Janeiro. Você continua muito ligado em tudo num tempo passado. Agora... comece com o dia de hoje. Ou seja: o Rio de Janeiro de nossas vidas. Mas agora... me conte algo do nosso querido mundo carioca. Ou então, algo mais íntimo do nosso querido povo carioca... Concorda... sem assinatura Também a mim não apraz perambular por recordações, mas calhou-me a ideia de tentar esboçar um currículo pelo avesso e foi com este intuito que comecei, procurando ater-me aos aspectos "extra-curriculares" em relação aos currículos convencionais. |
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