O sol recorta com precisão e nitidez cada detalhe do panorama. Apenas junto ao horizonte se veem nuvens ou o ar sujo de uma cidade gigante - uma massa informe e indefinida a se confundir com o azul já esmaecido naqueles longes. No mais é céu muito azul, lavado pelas chuvas de ontem (escassas aqui) e sol beleza. Já falei tantas vezes do meu fascínio por dias assim, de memórias longínquas que tais dias impecáveis me evocam, quando toda natureza me parece em êxtase e cada ser aparenta celebrar a luz de nossa estrela, que é melhor passar ao próximo assunto. No caminho, um trio conversa à margem da estrada. Impossível não escutar um trecho do que falam e a conversa sublinha esse estranho bicho que somos, com uma visão ofuscada por um ponto de vista egocêntrico: "... se ele não estiver comendo aquela vizinha dele, que outro dia eu vi ele lá embaixo..." Eu já me afastara, foi apenas este o trecho apreendido. Segui, passou um caminhão de concreto bufando e soltando uma fumaça fedida pelo escapamento. Fui até a faixa para atravessar, mas aqui pouquíssimos respeitam as regras. O céu continuava impávido e azul e o sol começava a aquecer e a sugerir a possibilidade de tempestade no final do dia. O aquecimento deve perturbar uma colmeia erigida sob um velho vaso semi-esférico, de cimento-amianto, emborcado. Pela manhã o sol bate direto ali e muitas abelhas voam nas imediações, indo e vindo, num comportamento não usual. Uma brisa leve e fresca vem do nordeste, provavelmente tornando o ar mais úmido. O sol já segue para o poente. O céu, azul ainda, se encheu de muitas nuvens luminosas. Cresce a possibilidade de temporais no anoitecer, ou antes. O ar está úmido e a brisa leve persiste, ora de um lado, ora de outro. O verão e o mês seguem adiantados. Logo será outono deste lado do mundo, primavera acolá... |
Fri, 28 Feb 2014 00:09:54 -0300 ... mas peraí! Terás que perguntar a eles, eu não me importo. |
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