"Bom futebol pra você!" - com esta saudação o locutor dá início a transmissão de mais um jogo, mas parece que o futebol, há muito tempo, vem perdendo o encanto e esse ritmo parece vertiginoso ultimamente. Os velhos diriam que os jovens "deveriam ter visto o Mané, o Pelé..." e segue-se uma lista infindável. O fenômeno não acontece só com o futebol: o repórter abre cada capítulo de sua novela-reportagem com a marchinha que diz: "Ei, você aí, me dá um dinheiro aí, me dá um dinheiro aí..." Há sambódromos, mas é raríssimo o verdadeiro carnaval de rua. As reportagens contam as lutas de bastidores por verbas públicas para o carnaval e um pouco da corrupção que esse dinheiro produz. Os velhos diriam "antes o povo brincava por gostar de brincar, era espontâneo, inocente e lança-perfume não era uma droga nem proibido..." Onde há dinheiro parece inevitável a corrupção. Quanto mais dinheiro, mais requinte entre corruptores e corrompidos. No futebol, no carnaval, no samba, no rock, em tudo. Jogar bola, brincar, cantar as vantagens da vila ou as próprias proezas, tudo isso parece ter ficado para segundo plano. Em destaque, a conta bancária e a vaidade de sentir dedos e olhares a apontar: "olha, aquele é..." Aos domingos, "craques" correm de uma tevê pra outra, nas enfadonhas mesas-redondas que discutem o sexo da bola e o destino dos apitos dos juízes afinal... Shows de samba ou rock são projetados nas mesmas pranchetas dos que tentam convencer donas de casa de que um sabão em pó é melhor que outro ou aos jovens de que tomar cerveja e fumar os torna mais atraentes, mais dispostos, mais espertos etc. Futebol também foi transformado em show e deu os primeiros sinais de ter seus dias contados quando apareceram na beira do campo mulheres seminuas com espanadores coloridos dançando uma música que ninguém podia escutar... |
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