desenho de Lu Guidorzi
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berro - a parte inútil da vaca
Publicação esporádica destinada a perder-se como berro de vaca que, todavia muge, apesar da inutilidade declarada de seu berro.

 

Calar

11/09/01

 

"A respeito da magia escreve Alberto Magno: Descobri uma exposição muito instrutiva (sobre a magia) no livro sexto dos Naturalia de Avicena, exposição segundo a qual habita na alma humana um certo poder (virtus) capaz de mudar a natureza das coisas e de subordinar a ela outras coisas, particularmente quando ela se acha arrebatada num grande excesso de amor ou de ódio."

C. G. Jung, Sincronicidade, trad. Pe. Dom Mateus Ramalho Rocha, OSB, 3a. ed., Vozes, Petrópolis, 1988

cacófato
[Do gr. kakóphaton, pelo lat. cacophaton.]
S. m. Gram.
1. Som desagradável, ou palavra obscena, proveniente da união das sílabas finais de uma palavra com as iniciais da seguinte; cacofonia, cacófaton.

Qualquer coisa repetida e repetida acaba por virar reza - palavras ou cantos que aprendemos a repetir e repetir para obter favores de supostas divindades ou estados da alma com que sonhamos - vira reza, quer dizer sem significado algum, palavras apenas amigas, que se dão as mãos, acostumadas a andar juntas sem saber mais porquê.

"É uma questão de fé de mais ou fé de menos", repetia sempre e sempre meu pai. Tanto, que eu ouvia aquilo apenas como dito jocoso, na graça provocada pelo cacófato, que também se repete.

Um dia, diante de um desafio da vida, de uma situação concreta e bem real, fica claro que a única resposta a esfinge é ter ou não ter fé. Não fé em certa religião organizada ou em seus deuses fabricados, nem na crença dos manuais, breviários e cartilhas cheios de regras, limites e ameaças, digeridos e vomitados por instrutores e gurus. Fé. E o ponto indica total incapacidade de qualquer definição: fé, acreditar.

Acreditar em seu relacionamento com a você mesmo, com a vida, com seu modo de ver etc. Então volta a frase que tanto choveu no molhado e a "questão de fé de menos ou fé de mais" ecoa inédita. E o significado pode se vestir com quaisquer palavras, pois é ele que conta.

Chega no meio do correio eletrônico, que a preguiça torna a cada dia mais, imeil, mas quem diria que chega no meio do imeil, é feio, dizia que chegou no meio do correio eletrônico uma observação que me cai como luva, para ficar nos ditos populares e chover no molhado. Pois me alertava a autora, bem, já que o disse, confirmo, a mensagem tinha origem feminina, como a própria palavra o é e alertava: "a gente nunca diz o que quer dizer".

É fato que se pode constatar aqui, agora e sempre. Ainda mais quando se vê chegar, inesperadamente, o ponto final.

 

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