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 June 10, 2010 2:55:49 PM GMT-03:00

Boa lembrança. Conheço a música. Tentei achar a letra toda mas não consegui. Achei essa memória do Tarik de Souza, que repasso ao amigo:

"Nasci no Irajá, subúrbio carioca que na época em que eu nasci, 1942, era considerado assim um lugar muito distante. Tanto que a famosa marchinha de carnaval: "Por um carinho seu, minha cabrocha, eu vou até o Irajá. Que me importa que a mula manque, eu quero é rosetar". Eu tinha um colega de ginásio, o Valdir, que era um intelectual e achava que essas letras de samba, essas marchinhas tinham um português muito corriqueiro, né? Então ele resolveu pegar todas as letras de sambas e de marchas e tirar o popularesco das letras e botar letras eruditas. Então a do Irajá era assim: "Por um carinho teu, minha cabrocha, eu vou até o Irajá. Que me importe que a mula manque, eu quero é rosetar". Ele cantava com a voz grossa: "Mediante um afago seu, minha mameluca, eu vou até o deslocar-se-á nesse momento. Pouco se me dá que a azêmula claudique, o que me apraz é acicatá-la". Tinha um samba também, um samba gravado pelo Blecaute, se não me engano, samba de carnaval: "Chora, doutor, chora, eu sei que o medo de ficar pobre lhe apavora". Não foi Blecaute, não. Aí o Valdir fez assim: "Pranteai, facultativo, pranteai, tenho conhecimento que o receio à pauperidade vos aterra". Uma beleza, né? "

      sem assinatura


Valeu, mas assusta-me ser assaltado assim por reminiscências...
Sabe-me inusitado como as louçanias do Valdir.

   (Ao Tarik, caberia assinalar o registro, no Houaiss, apenas de azêmola, com 'o' e não, 'u'.)

      cronistaprendiz

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