Fosse Caymmi e por certo começaria com a pergunta: você mexe daqui pra lá e remexe de lá pra cá ou vice-versa, ao se virar no ritmo certo e no calor de molho quente, que cheira e fumega em panela velha e se mexe e remexe com colher de pau cheiroso, para ajudar a temperar... Ouvi muita discussão, quando criança, sobre a forma correta e ideal de se mexer doce com colher de pau - se no sentido dos ponteiros do relógio ou ao contrário? O doce desandaria, podia talhar e sei lá que mais, apenas por se mexer de modo inadequado. Sobretudo, se não me engano, o pecado mor estaria em mudar de opinião a meio caminho, isto é: mudar, a troco de nada, quando se vai muito bem como ponteiro de relógio e, de repente, se dá marcha a ré e põe tudo a perder... Não juro por tais teorias. Comigo, parecem não funcionar, mas as menciono não por motivos culinários e, sim, por causa de Catarina. Das Catarinas, aliás e suas artes de sacizinha, a crer em crença antiga, que aprendi com Monteiro Lobato.
Feito o estrago, casas moídas, outras esfareladas, alguns mortos e alguns outros sumidos, pencas de pobres sem ter barracão e os palhaços correm ao picadeiro e a charanga busca timbres estridentes. O show... não o espetáculo do... bem, deixa pra lá. Dos olhos mais agudos e sensores mais sutis vem o aviso: "cuidado, pode machucar!", mas no esplêndido berço há fé na velha lona, benta de muita águas e fechada por toda reza, retrucou-se: "bobagem, não há de que cuidar". Veio Catarina, atrás da xará, e deu no que deu. Logo, se jogaram culpas e explicações semânticas como se dor de furacão fosse menor que de ciclone. Disseram que um gira pra lá, outro pra cá. Rebolados diferentes de redemoinhos explicaria deixar os gatos pingados ao léu. Como se quiséssemos saber para que lado se mexeu a calda fervente da panela que entornou e nos queimou. |
|home| |índice das crônicas| |mail| |anterior|