desenho do autor

de esporadicidade imprevisível

Cibernauta

18/04/17

Vivemos tempos de amplo compartilhamento, amplo, geral e irrestrito, se diria na década de sessenta ou setenta. O rádio, a televisão, todos os meios digitais de comunicação, e as pessoas também, clamam pelo compartilhamento de seus pensamentos, de sua imagem, ou seja lá o que for, por mais idiota que pareça. Implora-se, igualmente, um clique neste ou naquele link para incensar a vaidade do suplicante, polir sua imagem virtual.

Mais um pouco e nossas vidas correm o risco de se verem reduzidas a esses cliques casuais, distribuídos ao léu sem muita preocupação - gostei disto, daquilo não... censuro esta informação, aquela repasso... Avante! Que surpresas nos guardam a próxima página, a próxima rede, a próxima mensagem? Abandonamo-nos assim ao mundo cibernético, mais vasto e mais fácil, sem a gravidade para dificultar o transporte da matéria de um lugar a outro.

Afortunadamente, ou não, o cérebro é parte do corpo e com este se impõem como massa sujeita aos campos gravitacionais e dependente crônica do fornecimento de uma vasta gama de insumos, desde de o ar da atmosfera até os tais micronutrientes mais difíceis de encontrar. O ser virtual, feito apenas de nosso pensar e da monumental capacidade de computar de nossas máquinas, não passa, por enquanto, de um devaneio arrojado, sonho da ficção científica de uma infernal quimera robótica.

Enquanto não nos transformarmos naquele Frankenstein, um misto de máquina e gente, continuaremos a almejar sucesso nas redes sociais e a ouvir apelos pungentes de compartilhamento ou aprovação. Aprenderemos, cada vez mais, a viver como esse embrião de um ser ainda imponderável e impossível de prever e compreender.

O mais assustador diante deste quadro é constatar ser a essência do ser humano moderno praticamente igual à de nossos antepassados mais remotos.

Tue, 18 Apr 2017 10:19:27 -0300

Clode
Sem falar no facebook e instagram ...

      sem assinatura

Elas estariam subtendidos nas "redes sociais", que o texto menciona no penúltimo parágrafo.

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