Conto quase natalino
26/12/13
Chegaram pouco depois do combinado, vindos da cidade imensa. Traziam alegria e corações abertos e, embora não fossem jovens, o casal se tratava como enamorados de primeira viagem com abundantes e discretos mimos e códigos de afeição em mútua reciprocidade. Ali se dispunha de contato mais íntimo com a natureza e da terra emergiam plantas e subiam odores da vida a ocupar cada nicho disponível. Das copas pendiam finos fios flexíveis, arroxeados: tentáculos de lianas em busca de solo. As pequenas coisas propiciavam grande e verdadeiro deslumbramento. O ligeiro calor das cinzas de folhas secas, há pouco queimadas, foi notado, assinalado e apreciado. Um sutil deslumbramento envolvia a atmosfera do encontro várias vezes adiado. O relacionamento humano é complicado por vícios de milhares de gerações e, apesar da disposição amistosa, barreiras há muito erigidas impediam um fluir caudaloso de afeições recônditas. "Amolece teu coração", repetia a voz do patriarca, mas os corações estavam duros, ainda que ávidos de suavidade. Aos poucos, as carapaças rijas cediam por uma ou outra fissura, apesar das muitas histórias mortas e passadas aflorarem à revelia. Contrariando tradições ancestrais, nenhuma ceia, nenhum alimento exceto um café servido sem açúcar. As muitas falas e troças acabaram por estender a reunião a outros participantes e outros locais. Com toques de magia a se replicarem, chegou-se a ceia caprichada e comes e bebes e mimos a mimar moças e moços e velhos em surpreendente ágape natalino. Os corações se amoleceram e, desimpedidas, mutuas afeições fluíram, a derrubar barreiras e preconceitos e derreter as armaduras. Duas crianças apontavam um futuro impossível de prever e enchiam de alegria e vida a véspera do Natal. Perto da meia-noite, começaram a explodir fogos com som de tiros. |
26/12/2013, at 17:40 ô, Clode, isso se faz, sua irmã chorar brevemente? sem assinatura Obrigado, de novo, pela ceia e companhia. 26/12/2013, at 22:06 será q a referência a duas criancas, na crônica, são lembranças das duas criancinhas no seu jantar natalino? sem assinatura Claro! 30/12/2013, at 17:43 Pra variar, algumas linhas delicadas, suaves, carinhosas. sem assinatura Onda vai, onda vem e hoje a poesia invadiu a sua praia. Que bom! |
|home| |índice das crônicas| |mail| |anterior|